As eleições autárquicas em Oeiras, marcadas para 12 de outubro, trazem à tona a figura de Isaltino Morais, que celebra 40 anos de governação no município. A sua presença é tão forte que, em muitos casos, os cartazes eleitorais apenas precisam do seu nome em destaque, acompanhado da sigla “TM”, que remete para a ideia de marca registada. Este fenómeno levanta questões sobre o que significa realmente a marca Isaltino em Oeiras, um dos concelhos mais prósperos de Portugal.
Isaltino Morais, que já foi alvo de controvérsias e até de prisão, continua a ser um nome incontornável na política local. Desde a sua primeira vitória, em 1985, o autarca tem moldado Oeiras, transformando-o de um subúrbio a um dos concelhos mais ricos do país. A sua popularidade é tal que, ao longo dos anos, o PS e outros partidos tentaram, sem sucesso, desafiá-lo. Este ano, a oposição é composta por vários candidatos, incluindo Ana Sofia Antunes, do PS, e Bruno Martins, da Iniciativa Liberal, que tentam quebrar o domínio de Isaltino.
O Partido Socialista, que já tentou várias estratégias para conquistar Oeiras, apresenta agora Ana Sofia Antunes como candidata. Ela é vista como uma figura que pode galvanizar as bases do partido e oferecer uma alternativa viável aos munícipes. No entanto, a tarefa não será fácil, dado que o culto da personalidade em torno de Isaltino Morais é uma realidade difícil de contornar. O próprio PS, ao longo dos anos, tem contribuído para essa dinâmica, com vereadores seus a aceitarem pelouros no executivo de Isaltino.
Além do PS, outros candidatos como Carla Castelo, do Bloco de Esquerda, e Pedro Frazão, do Chega, também se apresentam como alternativas. A coligação Evoluir Oeiras, da qual Carla Castelo faz parte, tem sido uma das vozes mais críticas em relação às políticas de Isaltino, denunciando casos como o aterro ilegal em Reserva Ecológica Nacional e a contratação da filha do autarca sem concurso.
O PSD, por sua vez, parece ter decidido não arriscar uma nova derrota e optou por apoiar Isaltino, um movimento que marca uma mudança significativa, já que, pela primeira vez em décadas, o logótipo do partido não estará presente nas ruas de Oeiras. A relação entre Isaltino e o PSD é complexa, marcada por altos e baixos, mas a decisão de apoiar o ex-autarca reflete uma estratégia de evitar um novo vexame eleitoral.
A marca Isaltino Morais é, portanto, um fenómeno que transcende a política local. Com uma história de vitórias e controvérsias, a sua influência é palpável e continua a moldar o futuro de Oeiras. O que está em jogo nas autárquicas de 12 de outubro é não apenas o futuro do concelho, mas também a forma como a marca Isaltino será percebida pelos eleitores.
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Isaltino Morais Nota: análise relacionada com Isaltino Morais.
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Fonte: ECO