Têxtil português espera renegociar tarifas com os EUA

As novas tarifas de 15% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos da União Europeia entraram em vigor esta segunda-feira, e o setor têxtil e de vestuário em Portugal sente-se “perdido”. Com este acordo, os produtos que anteriormente pagavam taxas inferiores passarão a ser taxados a 15%, enquanto aqueles que já enfrentavam tarifas superiores continuarão a pagar os mesmos valores. Ana Dinis, diretora-geral da Associação Têxtil de Portugal (ATP), explica que a interpretação da Euratex, a associação europeia do setor, é semelhante.

A negociação com as autoridades norte-americanas está a revelar-se um desafio. Ana Dinis refere que “hoje dizem uma coisa e amanhã dizem outra”, mas sublinha que as conversações ainda estão em curso e que novidades podem surgir a qualquer momento, tanto positivas como negativas.

César Araújo, presidente da Associação Nacional das Indústrias do Vestuário e Confecção (Anivec), partilha a preocupação da ATP, afirmando que o setor se sente perdido. “Só quando os clientes começarem a enviar encomendas para os EUA é que saberemos qual a taxa aplicada”, lamenta Araújo. Ele também menciona que existem várias interpretações sobre as novas tarifas e que não é certo se os produtos que já pagavam taxas superiores a 15% irão sofrer alterações.

Ana Dinis alerta que a imposição de tarifas recíprocas a um número alargado de países poderá resultar em “desvio de tráfego”. Com a dificuldade que os fornecedores asiáticos enfrentam para exportar para os EUA, é provável que estes produtos sejam redirecionados para o mercado europeu, que já é o principal destino das exportações portuguesas. “Se é mais difícil para o mercado asiático colocar o produto nos Estados Unidos, vão colocar o produto na Europa”, afirma Dinis.

César Araújo concorda, acrescentando que “os países que não conseguem exportar para os EUA vão virar as armas para a Europa”. Ele destaca que o mercado europeu precisa de repensar a sua relação com países terceiros, pois a Europa não pode ser usada como um mercado de passagem.

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A situação é preocupante, uma vez que a Europa não consegue absorver a quantidade de mercadorias que os países terceiros exportam. Araújo recorda que, no ano passado, entraram na Europa 4,6 mil milhões de encomendas de baixo valor sem qualquer controlo, provenientes de países asiáticos.

O presidente da Anivec critica a falta de empenho da Europa em proteger o setor têxtil, afirmando que “só estão empenhados em salvar o setor automóvel”. Ele pede um tratamento igual para a indústria têxtil e de vestuário, que também enfrenta desafios significativos.

Em 2024, Portugal exportou 435 milhões de euros em produtos têxteis e de vestuário para os Estados Unidos, que representa cerca de 8% do total das exportações do setor. O acordo entre Bruxelas e Washington, que estabelece um teto de 15% para a maioria dos produtos, foi alcançado após intensas negociações.

Apesar das dificuldades, a ATP e a Anivec continuam a trabalhar para renegociar as tarifas têxteis com os EUA, na esperança de que um novo entendimento possa beneficiar o setor. Leia também: “A importância das exportações têxteis para a economia portuguesa”.

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Fonte: ECO

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