Os estudantes deslocados em Portugal enfrentam um aumento significativo nos custos mensais para frequentar o ensino superior, pagando, em média, mais 200 euros por mês em comparação com os colegas que estudam na sua cidade. Esta informação resulta do relatório final de um estudo sobre a ação social no ensino superior, elaborado por investigadores da Universidade Nova de Lisboa e apresentado recentemente.
O estudo, solicitado pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação, revela que a principal despesa dos estudantes deslocados é o alojamento. Em particular, na Área Metropolitana de Lisboa, os custos de arrendamento são os mais elevados, com o preço médio de um quarto a ultrapassar os 370 euros. Assim, a diferença de despesas entre um estudante não deslocado e um deslocado na capital é notável: enquanto o primeiro gasta cerca de 150 euros mensais, o segundo pode chegar a quase 500 euros, considerando alojamento, transporte, alimentação e outras despesas.
Esta disparidade não se limita a Lisboa, estendendo-se também à Área Metropolitana do Porto e a outras regiões do país. Com exceção das ilhas, onde a diferença é de apenas 52,68 euros, os estudantes deslocados pagam sempre pelo menos 200 euros a mais do que os seus colegas locais.
Os investigadores recomendam que o governo ajuste os montantes das bolsas de ação social, tendo em conta a variação regional do custo de vida, especialmente no que diz respeito ao alojamento. Durante entrevistas e inquéritos realizados, ficou claro que a dificuldade em encontrar habitação é um dos principais obstáculos à frequência do ensino superior, com 16 das 23 instituições de ensino superior consultadas a identificarem este problema.
Para o próximo ano letivo, 2025/2026, o apoio ao alojamento atualmente disponível para alunos bolseiros será alargado a todos os estudantes deslocados com rendimentos anuais per capita abaixo de 14.630 euros. Assim, estes alunos terão direito a um complemento mensal que cubra o valor efetivamente pago pelo alojamento, desde que comprovado por recibo ou transferência bancária.
Embora muitos estudantes considerem o valor do apoio adequado, a situação é diferente em Lisboa, onde 58% dos alunos deslocados não acreditam que o montante seja suficiente. Além disso, o estudo destaca a dificuldade em obter recibos que comprovem contratos de arrendamento, num mercado de alojamento que favorece práticas informais.
Este estudo servirá de base para o novo Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior, que deverá entrar em vigor no ano letivo de 2026/2027. A possibilidade de descongelar o valor das propinas, que não foi amplamente discutida pelos investigadores, também dependerá deste novo regulamento.
Em comparação com outros países, como Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido, Portugal é o único que inclui o valor das propinas no cálculo das bolsas. Na Alemanha, por exemplo, não há propinas, enquanto em Espanha, França e Itália, os alunos bolseiros estão isentos do seu pagamento. No Reino Unido, a bolsa de manutenção é calculada separadamente da bolsa para pagamento das propinas.
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estudantes deslocados Nota: análise relacionada com estudantes deslocados.
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Fonte: Sapo





