O Governo português decidiu substituir dois vogais executivos da Metro Mondego, antes do término do atual mandato, uma medida que gerou descontentamento entre os municípios de Lousã e Miranda do Corvo, bem como no Partido Socialista de Coimbra. A decisão foi tomada durante uma Assembleia Geral da empresa, onde foi aprovada a demissão dos vogais Eduardo Barata e Teresa Jorge, mantendo-se no cargo o presidente do conselho de administração, João Marrana.
Eduardo Barata, que é professor na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e foi suplente nas listas do PS nas autárquicas de 2021, e Teresa Jorge, antiga vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, foram substituídos por Ricardo Cândido, chefe de divisão na Câmara da Figueira da Foz, e Cristina Agreira, docente no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra. Ambos são membros da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, que é liderada pela coligação Juntos Somos Coimbra.
Miguel Baptista, presidente da Câmara de Miranda do Corvo, criticou a falta de justificações por parte do Estado, que é o acionista maioritário da Metro Mondego. Ele sublinhou que a substituição ocorre numa fase crítica do projeto, que se prepara para iniciar operações entre Serpins (Lousã) e Portagem (Coimbra) até ao final do ano. Baptista afirmou que o “timing” correto para a mudança seria no final do mandato, em dezembro.
Os municípios de Lousã e Miranda do Corvo, ambos governados pelo PS, manifestaram a sua oposição à decisão, considerando que a interrupção do mandato poderá criar instabilidade na gestão da empresa, num momento crucial para a implementação do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM). As autarquias alertaram que qualquer alteração na administração neste momento pode comprometer a estabilidade e eficiência necessárias para o arranque do sistema.
Por sua vez, José Manuel Silva, presidente da Câmara de Coimbra, afirmou que a decisão de substituir os vogais é da responsabilidade da tutela e não da Câmara. Silva acredita que a mudança não afetará o SMM, uma vez que a tutela não tomaria tal decisão se houvesse riscos associados.
A concelhia do PS de Coimbra qualificou a exoneração dos vogais como “irresponsável”, alertando que pode pôr em risco a execução do Sistema de Mobilidade do Mondego. Os socialistas sugerem que a decisão visa acomodar pessoas da confiança da coligação Juntos Somos Coimbra a um mês das eleições autárquicas.
O Ministério das Infraestruturas e Habitação confirmou a realização da assembleia geral e a substituição dos vogais a partir de 4 de setembro, mas não forneceu esclarecimentos sobre as razões que justificaram a mudança antes do fim do mandato. A Metro Mondego é responsável pela operação do SMM, que irá servir os concelhos de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã. O SMM iniciou uma operação preliminar na última sexta-feira, com um troço de cinco quilómetros em Coimbra, uma decisão que também foi criticada pelos municípios envolvidos.
Leia também: O impacto das mudanças na gestão da Metro Mondego.
Metro Mondego Nota: análise relacionada com Metro Mondego.
Leia também: Pentágono disponibiliza 600 advogados para processos de imigração
Fonte: Sapo