José Sócrates, ex-primeiro-ministro de Portugal, regressa esta terça-feira ao tribunal para a sexta sessão do julgamento da Operação Marquês, um caso que já dura mais de uma década. Na última audiência, realizada em julho, Sócrates criticou os governos de António Costa e Pedro Passos Coelho, acusando-os de “covardia” por terem abandonado o projeto do TGV. O ex-líder socialista comparou o Ministério Público à Inquisição, afirmando ser vítima de uma acusação que considera “fantasiosa” e “delirante”.
Durante as próximas sessões, espera-se que sejam discutidos temas relacionados com Vale do Lobo e os circuitos financeiros que envolvem Carlos Santos Silva, amigo de Sócrates e também arguido no processo. No total, 21 arguidos estão a ser julgados no Campus de Justiça, onde a acusação inicial do Ministério Público já perdeu sete dos 28 arguidos.
Sócrates enfrenta 22 acusações, incluindo três de corrupção passiva, 13 de branqueamento de capitais e seis de fraude fiscal qualificada. Ao longo das cinco sessões anteriores, o ex-primeiro-ministro adotou uma postura combativa, marcada por ironias e confrontos diretos com a juíza Susana Seca e os procuradores. O tribunal já teve de intervir várias vezes devido ao comportamento de Sócrates, que tem sido descrito como desrespeitoso.
Além de criticar o Ministério Público, Sócrates também se manifestou contra a cobertura da imprensa, considerando algumas perguntas “ridículas” e afirmando que os jornalistas apenas procuram audiências. O ex-primeiro-ministro apresentou ainda requerimentos para afastar a juíza do processo, alegando má-fé por parte de um dos procuradores.
Nas audiências, o Ministério Público tem apresentado escutas que visam demonstrar a proximidade de Sócrates com o ex-banqueiro Ricardo Salgado. Em uma dessas escutas, o motorista de Sócrates revelou que o ex-primeiro-ministro jantou na casa de Salgado, algo que Sócrates nega, afirmando que apenas entregou um livro. A defesa de Sócrates argumenta que as escutas são irrelevantes e que o ex-primeiro-ministro não tinha uma relação de amizade com Salgado.
O tribunal continua a ouvir as partes envolvidas, e a próxima sessão promete ser igualmente intensa, com Sócrates a manter a sua postura crítica em relação às acusações. A Operação Marquês continua a ser um dos casos mais mediáticos da justiça portuguesa, levantando questões sobre corrupção e a relação entre política e negócios.
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Operação Marquês Operação Marquês Operação Marquês Nota: análise relacionada com Operação Marquês.
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Fonte: ECO