O setor segurador em Portugal está a dar passos significativos em direção à diversidade de género, com as mulheres a ocuparem 56,3% das funções-chave. No entanto, a representação feminina nos órgãos de administração ainda é bastante reduzida, com apenas 21,2% das executivas. Estes dados fazem parte do relatório sobre diversidade e inclusão da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), que analisa a evolução entre 2022 e 2024.
Nos últimos dois anos, a presença feminina em cargos de liderança aumentou em quase todas as áreas. Em 2024, 21,17% dos lugares nos órgãos de administração e fiscalização eram ocupados por mulheres, enquanto na administração a taxa é de 19,33%. A diferença entre os cargos executivos e não executivos é notável, com uma presença feminina de 21,49% nos executivos, em comparação com 17,57% nos não executivos. Quando se analisa quem realmente dirige as empresas, a proporção feminina sobe para 31,82%, um aumento significativo em relação aos 23,4% registados em 2022.
Apesar do progresso nas funções-chave, que incluem áreas como risco, compliance, atuarial e auditoria, a liderança de topo sofreu uma ligeira queda, passando de 38,06% para 37,73% entre 2022 e 2024. Este retrocesso levanta questões sobre a sustentabilidade do avanço das mulheres em posições de influência.
Um dado preocupante é que 54% das seguradoras não implementam medidas específicas para promover a diversidade de género nas suas políticas de seleção e avaliação. Muitas argumentam que já possuem uma representação equilibrada entre géneros nos seus órgãos sociais ou que têm políticas que garantem a igualdade de oportunidades em recrutamento, formação e promoção. Contudo, estas medidas não estão formalmente integradas nas políticas de seleção e avaliação.
A revisão da diretiva Solvência II está a pressionar o setor a adotar uma abordagem mais rigorosa em relação à diversidade de género. A partir de agora, será obrigatório estabelecer objetivos quantitativos para o equilíbrio de género nos órgãos de administração, com uma monitorização anual para garantir o cumprimento.
É evidente que, apesar dos avanços, a diversidade de género ainda enfrenta desafios significativos no setor segurador. A luta pela igualdade de representação nas posições de liderança continua, e a implementação de políticas eficazes será crucial para garantir que as mulheres possam ocupar o espaço que merecem.
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Fonte: ECO





