As perspetivas para a energia eólica na Europa estão a arrefecer, segundo a WindEurope, uma associação que representa a indústria eólica a nível europeu. Apesar de a Europa ter instalado 6,8 gigawatts (GW) de nova capacidade eólica na primeira metade de 2025, a maioria dessa capacidade (89%) foi em terra, com apenas 11% no mar. Em Portugal, as expectativas são ainda mais cautelosas, pois a associação não prevê que o país aumente a capacidade de energia eólica offshore até 2030.
A WindEurope indica que, até 2030, a energia eólica onshore deverá dominar as novas instalações, com uma previsão de 135 GW a serem instalados na Europa. Isso levaria a um total de 441 GW de capacidade eólica até ao final da década. No entanto, a associação alerta que atrasos no licenciamento e na expansão da rede elétrica estão a dificultar o progresso. A expectativa inicial de 22,5 GW para 2025 foi revista em baixa para 19 GW.
Em Portugal, a WindEurope estima que até 2030 sejam instalados apenas 2.340 megawatts (MW) de capacidade eólica, todos em terra, elevando o total para 6.650 MW. O país mantém cerca de 25 MW de capacidade offshore, correspondente ao projeto da EDP em Viana do Castelo, que está em operação desde 2020. No entanto, no primeiro semestre de 2025, apenas 2 MW foram instalados em Portugal.
A situação difere significativamente entre os países europeus. A Alemanha, por exemplo, tem mostrado um desempenho positivo, com uma forte atividade de licenciamento que permite a atribuição de licenças em prazos curtos. A expectativa é que a Alemanha instale 43 GW até 2030. Em contraste, as perspetivas para países como Espanha e França têm arrefecido, devido a fatores como a ausência de leilões e a baixa dos preços da eletricidade.
A energia eólica offshore, embora enfrente desafios, continua a crescer. A WindEurope prevê que, nos próximos cinco anos, sejam instalados 43 GW de capacidade offshore, elevando o total para 80 GW até 2030. Contudo, a associação aponta que muitos governos estão a rever em baixa as suas metas para 2030, devido à necessidade de mais tempo para regulamentação e desenvolvimento de infraestruturas.
Em relação a Portugal, a WindEurope não acredita que o leilão para a energia eólica offshore ocorra ainda este ano. Mesmo que se realizasse até dezembro, os projetos vencedores provavelmente não estariam prontos antes de 2030. O Governo português comprometeu-se a atingir uma capacidade de 2 GW de eólico offshore até 2030, mas especialistas da área, como Pedro Amaral Jorge da APREN, alertam que a maturidade dos projetos torna essa meta difícil de alcançar.
O Ministério do Ambiente e Energia garante que os prazos para a definição das regras do leilão estão a ser cumpridos e que novidades serão divulgadas até outubro. No entanto, a pressão para criar condições de mercado e licenciamento continua a ser uma prioridade, uma vez que a energia eólica é crucial para a transição energética de Portugal.
Leia também: O futuro da energia renovável em Portugal.
Leia também: Xi Jinping alerta para a escolha entre paz e guerra
Fonte: ECO