China e EUA: A Nova Ordem Mundial em Conflito

A célebre frase de Sun Tzu, “Conhece o inimigo e conhece-te a ti mesmo e não temerás o desfecho de cem batalhas”, ecoa em Pequim, onde a China tem vindo a construir uma estratégia de influência global que não se baseia em confrontos diretos, mas sim na paciência e na diplomacia. Ao longo das últimas décadas, a China tem-se tornado uma potência indispensável, erguendo as bases de uma hegemonia que já não é uma possibilidade, mas uma realidade.

O contraste com os Estados Unidos é evidente. Enquanto a China acumula influência com uma abordagem metódica, os EUA parecem estar a desperdiçar o seu prestígio com decisões erráticas. A história recente revela ironias significativas: na década de 1970, a diplomacia sino-americana, liderada por Richard Nixon e Henry Kissinger, visava afastar a China da União Soviética. Hoje, a situação é inversa, com Donald Trump a reabilitar a Rússia, o que acabou por fortalecer a aliança entre Moscovo e Pequim.

A recente cimeira em Pequim, que contou com a presença de líderes como Xi Jinping, Vladimir Putin e Narendra Modi, simbolizou um eixo político que desafia a hegemonia ocidental. A China deixou claro que não permitirá que a Rússia enfrente o isolamento, o que representa uma recusa em aceitar que o Ocidente continue a ditar as regras da ordem internacional. A estratégia chinesa tem sido a de esperar que os EUA se afastem, aproveitando o vazio deixado para expandir a sua influência.

Em África, a China é o maior parceiro comercial, investindo em infraestruturas e formando profissionais. Na América Latina, os acordos energéticos e o acesso a matérias-primas têm vindo a multiplicar-se. No Sudeste Asiático, Pequim tornou-se um comprador crucial e um fornecedor de crédito. A Iniciativa Cinturão e Rota, frequentemente subestimada, tem sido um instrumento fundamental para a transformação da ordem global.

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A nova guerra fria não se baseia em confrontos militares, mas numa competição económica e tecnológica, onde a China se apresenta como uma alternativa viável. Os EUA, por sua vez, têm tratado as suas relações externas como meros negócios, enquanto a China tem demonstrado que o poder se constrói através de cadeias de valor e dependências financeiras.

Neste cenário, a Rússia emerge como um aliado estratégico para a China, enquanto a Índia, com a sua postura ambígua, procura maximizar a sua margem de manobra. A diplomacia multipolar está a ganhar força, desafiando a visão tradicional de um mundo dividido em blocos rígidos.

A presença da China no Sul Global é palpável, com investimentos que vão além do económico, abrangendo áreas como saúde e educação. A interdependência financeira entre os EUA e a China, com Pequim a ser um dos maiores detentores de dívida americana, adiciona uma camada complexa a esta relação. Ambas as potências estão entrelaçadas de tal forma que qualquer movimento brusco pode ter consequências devastadoras.

Os EUA parecem não perceber que a paciência é uma forma de poder. A sua política externa tem sido marcada por uma pressa eleitoral que compromete a sua visão estratégica. A narrativa que a China oferece, centrada no desenvolvimento e no respeito pela soberania, está a ressoar globalmente, enquanto os EUA perdem terreno.

O que se desenha é uma transição do centro de gravidade da ordem mundial. A China, ao adotar a estratégia de Sun Tzu, está a comportar-se como se já tivesse vencido, enquanto os EUA correm o risco de se autoexcluir de um mundo que está a mudar rapidamente. Leia também: A influência da China na economia global.

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Fonte: Sapo

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