O recente descarrilamento do Elevador da Glória, que resultou em 16 vítimas mortais em Lisboa, trouxe à tona a PME MNTC – Serviços Técnicos de Engenharia. Esta empresa, com sede em Almada, venceu em 2019 o concurso para a manutenção dos elevadores históricos da capital, contrato que foi renovado em 2022.
A MNTC, detida em 75% por Gustavo Soares e em 25% por Marieta Garcias, é uma empresa com 15 anos de experiência, tendo sido constituída em 2009. No final de 2022, contava com 28 colaboradores e registou uma faturação de 1,29 milhões de euros, com lucros de 136 mil euros. Este desempenho levou o IAPMEI a premiá-la com os títulos de PME Excelência e PME Líder, reconhecendo o seu desempenho financeiro e baixo risco de crédito.
Desde março de 2017, a MNTC foi adjudicatária de 42 contratos com entidades públicas, totalizando cerca de 3,8 milhões de euros. Entre os contratos mais significativos, destaca-se o acordo com a Carris, assinado em agosto de 2022, que abrange a manutenção dos elevadores da Bica, Lavra e Glória, além do Elevador de Santa Justa. Este contrato, com uma duração inicial de 12 meses e possibilidade de renovação até 36 meses, estabelece uma avença mensal de 5.913 euros para cada elevador.
Em novembro de 2022, a MNTC firmou outro contrato importante com a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), no valor de 1,88 milhões de euros para cinco anos. Este acordo representa cerca de 60% da faturação anual da empresa e destina-se à manutenção da frota histórica de carros elétricos do Porto. A soma destes contratos equivale a quase 2,9 milhões de euros, superando a faturação anual da MNTC.
Embora esta concentração de contratos públicos tenha proporcionado estabilidade financeira à MNTC, também a expôs a riscos significativos. O recente acidente no Elevador da Glória levanta questões sobre a adequação dos procedimentos de manutenção, especialmente considerando o histórico de problemas de manutenção do ascensor.
Após o acidente, a Carris afirmou que os protocolos de manutenção foram respeitados. A MNTC realizou uma inspeção ao Elevador da Glória na manhã do acidente, sem detetar problemas. Contudo, o histórico de manutenção do elevador suscita preocupações, especialmente após um incidente em 2018 que resultou na suspensão do serviço devido a “falhas graves de manutenção”.
A MNTC e a Carris garantem que a operação regular dos elevadores históricos é uma prioridade, mas o recente acidente destaca a necessidade de uma revisão rigorosa dos procedimentos de segurança. A empresa municipal assegura que, apesar do contrato com a MNTC ter expirado no final de agosto, um novo contrato foi celebrado a 1 de setembro, garantindo a continuidade dos serviços de manutenção.
Leia também: O impacto do acidente do Elevador da Glória na segurança dos transportes públicos.
Leia também: Carris renova contrato de manutenção de elevadores em Lisboa
Fonte: ECO
