A agência de rating DBRS analisou a exposição soberana dos bancos europeus e concluiu que cerca de metade dessa exposição é direcionada a títulos soberanos dos próprios países. Esta análise surge num contexto em que as yields dos títulos soberanos de longo prazo na Europa voltaram a subir, refletindo preocupações sobre a sustentabilidade das contas públicas.
De acordo com a DBRS, que se baseou em dados de 162 bancos da União Europeia e do Espaço Económico Europeu, aproximadamente 50% da exposição soberana dos bancos é a títulos emitidos pelos próprios governos. Além disso, cerca de 30% é relacionada a títulos de outros países da UE/EEE. Esta estrutura de exposição sugere que os bancos têm uma forte ligação com a dívida soberana nacional.
A DBRS destaca que cerca de 60% da exposição soberana é contabilizada ao custo amortizado, o que significa que se espera que esses ativos sejam mantidos até à maturidade. Este é um aspecto importante, uma vez que os ativos de longo prazo são mais sensíveis às flutuações das taxas de juro. Por outro lado, apenas 15% da exposição é classificada como ativos mantidos para negociação, que são marcados a mercado e tendem a ser de curto prazo.
A análise da DBRS também revela que cerca de 20% da exposição soberana é contabilizada ao justo valor através de Outros Resultados Abrangentes, o que implica que as variações no justo valor podem impactar diretamente o capital regulamentar dos bancos. Apesar de algumas preocupações, a DBRS e a Fitch concordam que a exposição dos bancos portugueses à dívida soberana francesa e britânica é limitada, com a maioria dos ativos contabilizados ao custo amortizado.
A agência também avaliou os riscos soberanos do Reino Unido e da França. No caso do Reino Unido, que mantém um rating de AA/Estável, a DBRS reconhece a robustez da economia britânica, mas alerta para os desafios relacionados com a dívida pública e o défice orçamental. A consolidação orçamental está a abrandar, o que aumenta o risco de novas derrapagens financeiras.
Em relação à França, a DBRS rebaixou a sua classificação de Estável para Negativa, citando riscos associados à capacidade do país em reduzir o seu elevado défice fiscal. A instabilidade política, especialmente com o voto de confiança do primeiro-ministro François Bayrou, pode complicar ainda mais a situação orçamental. Se o governo não conseguir a aprovação do orçamento, isso poderá atrasar a trajetória de redução da dívida do país.
A DBRS conclui que, apesar das pressões fiscais, as notações de crédito da França permanecem sustentadas pela sua economia diversificada e instituições públicas sólidas. A estabilidade financeira na zona euro, segundo a agência, está contida, e não se prevê um impacto significativo nas classificações devido à volatilidade das taxas de juro de longo prazo.
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exposição soberana Nota: análise relacionada com exposição soberana.
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Fonte: Sapo





