Cortiça: Companhia das Lezírias extrai 780 toneladas, preços caem

A Companhia das Lezírias, uma das maiores explorações de cortiça em Portugal, anunciou que a sua campanha de tiragem atingiu as 52 mil arrobas, o que equivale a 780 toneladas. No entanto, a empresa enfrenta desafios significativos, como a queda acentuada dos preços e o envelhecimento da mão-de-obra especializada.

De acordo com informações divulgadas pela Companhia das Lezírias à agência Lusa, a produção superou as expectativas iniciais, que previam 45 mil arrobas (aproximadamente 675 toneladas). O presidente do Conselho de Administração, Eduardo Oliveira e Sousa, explicou que a primavera, marcada por chuvas generosas, permitiu que as árvores “manifestassem disponibilidade para largar mais cortiça”.

Este ano, a empresa incluiu na área de extração parcelas que anteriormente apresentavam tiragem irregular. Eduardo destacou que as condições atmosféricas favoráveis, com boa precipitação, resultaram em água armazenada no solo, o que beneficiou a produção de cortiça.

Apesar do aumento na produção, a Companhia das Lezírias prevê que o resultado económico deste ano poderá ser inferior ao de 2024, devido à significativa queda nos preços da cortiça. Eduardo Oliveira e Sousa atribui esta diminuição a um excesso de cortiça armazenada na indústria e à instabilidade dos mercados internacionais. “As guerras prejudicaram as trocas comerciais, e as taxas anunciadas pelos Estados Unidos também causaram perturbações no ambiente comercial”, acrescentou.

Portugal continua a ser o líder mundial nas exportações de cortiça, com a indústria nacional, em particular o Grupo Amorim, a destacar-se no setor. Eduardo mencionou que a cortiça portuguesa é utilizada em diversas aplicações, desde rolhas e pavimentos até peças para automóveis e componentes do Space Shuttle.

Um dos principais desafios identificados por Eduardo é o envelhecimento da mão-de-obra especializada na tiragem de cortiça, uma arte que exige um conhecimento profundo e que enfrenta dificuldades na renovação geracional. “É uma atividade exigente, que requer conhecimento profundo da árvore e da cortiça. Há cada vez menos jovens a aprender este ofício”, alertou.

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Além do envelhecimento da população, a Companhia das Lezírias enfrenta outros desafios, como a concentração empresarial, que reduziu o número de compradores disponíveis. “A indústria tem de dar as mãos e perceber que precisa de aumentar o valor da compra para garantir o fornecimento”, afirmou, sublinhando que o valor praticado este ano é o mesmo de há 20 anos. “O agricultor está a perder dinheiro com um produto de excelência”, lamentou.

Apesar das dificuldades, Eduardo Oliveira e Sousa acredita que a cortiça portuguesa continuará a ser valorizada, mas alerta para a necessidade de manter um “equilíbrio entre produção e comercialização”. “Sem esse equilíbrio, aumenta o risco de desvalorização e, com ele, a desmotivação dos produtores”, concluiu.

A Companhia das Lezírias ocupa uma vasta área entre os rios Tejo e Sorraia, dividida em Lezíria Norte e Lezíria Sul. Além da cortiça, a empresa cultiva arroz, milho, vinha e olival, totalizando cerca de 1.500 hectares de arroz e mais de 11.000 hectares de outras culturas.

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Fonte: Sapo

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