A inteligência artificial (IA) está omnipresente nos meios de comunicação, conferências e redes sociais. Contudo, a questão que se coloca é se a conversa sobre a IA já se esgotou. A resposta é clara: definitivamente não.
Recentemente, foi discutido como devemos “desenhar a nossa própria IA”, em vez de apenas utilizarmos ferramentas genéricas disponíveis. É fundamental que os processos sejam centrados no ser humano, co-criando a IA e garantindo que, sem supervisão humana, esta não se desvie do seu propósito. Muitas vezes, a IA é vista como uma caixa mágica ou um simples software, mas é, na verdade, uma forma de inteligência que transforma sistemas, decisões e até a nossa compreensão da criatividade.
A ideia de que a IA deve ser “concebida para servir” reforça a necessidade de integrar valores, contexto e propósito humanos nos sistemas de IA. Quando falamos sobre a IA ao nosso serviço, lembramos que a sua capacidade transformadora só se concretiza quando é orientada para fins humanos bem definidos. Este ponto destaca um desafio maior: distinguir entre o exagero em torno da IA e a transformação significativa que pode ser impulsionada pelo ser humano.
Portanto, é essencial continuar a discutir a inteligência artificial. Não através de manchetes sensacionalistas, mas sim por meio de perguntas mais profundas. O verdadeiro debate não deve centrar-se apenas em saber se a IA é benéfica ou prejudicial, ou se nos substituirá ou capacitará. O verdadeiro desafio reside na integração responsável, criativa e sustentável da IA, especialmente em sistemas que não foram concebidos para outra forma de inteligência.
A mudança real vai muito além de lançamentos de produtos ou modas passageiras. Trata-se de repensar o trabalho, a criatividade, a governança e até as nossas percepções sobre a inteligência. Os humanos nunca enfrentaram outra inteligência ao nosso nível, o que gera receios. Por isso, devemos manter a conversa viva, não apenas para permanecermos relevantes, mas para assegurar que a IA nos serve de forma significativa.
A questão não é se o debate sobre a inteligência artificial chegou ao fim, mas sim se estamos prontos para ter a conversa certa. Afirmo com convicção: a IA não tem limites; apenas os humanos os têm. A nossa missão é não parar de falar sobre inteligência artificial, mas sim elevar a discussão de um espetáculo superficial para uma reflexão profunda e uma ação intencional.
Leia também: O impacto da inteligência artificial na economia global.
Leia também: Agricultura portuguesa: inovação e sustentabilidade em setembro
Fonte: Sapo