A administração de Donald Trump está a intensificar os esforços para desmantelar o setor de energia eólica marítima nos Estados Unidos. No centro deste embate encontra-se o projeto da EDP Renováveis (EDPR), que está a ser alvo de uma ação judicial para revogar a licença de construção da central SouthCoast Wind.
De acordo com o “New York Times”, seis agências governamentais foram mobilizadas para reavaliar o setor de centrais eólicas offshore. A chefe de gabinete de Trump, Susie Wiles, e o conselheiro sénior Stephen Miller lideram esta iniciativa, que inclui até agências sem ligação direta ao setor. O Departamento de Saúde está a investigar se as turbinas eólicas emitem campos eletromagnéticos prejudiciais à saúde, enquanto o Departamento de Defesa avalia potenciais riscos à segurança nacional.
A oposição de Trump às centrais eólicas offshore não é nova; remonta a 14 anos, quando tentou impedir a construção de uma central próxima a um dos seus campos de golfe na Escócia. Agora, o governo procura cancelar o projeto da EDPR através de uma moção apresentada num tribunal federal de Washington, que visa anular a licença concedida pela administração de Joe Biden.
A SouthCoast Wind, que faz parte do consórcio Ocean Winds, é uma parceria entre a EDPR e a empresa francesa Engie. O projeto, que se localiza a mais de 30 quilómetros da cidade de Nantucket, em Massachusetts, está a ser contestado pela autarquia local, que já havia instaurado um processo judicial este ano. A preocupação surgiu após um incidente em 2024, quando uma falha numa outra central resultou na poluição das praias com detritos de uma turbina.
Os advogados do consórcio Ocean Winds reagiram à moção da Casa Branca, afirmando que as ações em curso refletem um “desejo descarado” do presidente para eliminar todos os projetos de centrais eólicas offshore, sem considerar os seus impactos.
Em fevereiro, a EDPR anunciou a suspensão do projeto SouthCoast Wind, o que poderá resultar num atraso de quatro anos na sua implementação. Com uma capacidade prevista de 2,4 gigawatts, a construção da central deveria ter começado este ano, com a expectativa de estar operacional em 2030.
A situação atual sugere que o projeto poderá ser retomado apenas após as eleições presidenciais de 2028, quando um novo presidente assumir o cargo em 2029. A EDPR já contabilizou uma perda de 113 milhões de euros devido a este atraso. Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDPR, referiu que “é prudente assumir um atraso de quatro anos”, considerando-o o pior cenário possível. O gestor acrescentou que o acordo de venda de energia está “pronto a assinar” e que o projeto está preparado para avançar, mas a incerteza política levou a empresa a adotar uma postura mais cautelosa.
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Fonte: Sapo