O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, enfatizou o “papel único” que a China pode desempenhar na persuasão da Rússia para que esta aceite negociar com a Ucrânia. Rangel fez estas declarações durante uma conferência de imprensa em Pequim, após um encontro com o seu homólogo chinês, Wang Yi. Este encontro foi uma preparação para a visita oficial do primeiro-ministro português, Luís Montenegro, à China, que terá início na próxima terça-feira.
“Foi uma reunião muito produtiva, onde encontramos uma grande convergência de ideias sobre as questões que devemos abordar na agenda internacional. O relacionamento entre Portugal e a República Popular da China é bastante positivo”, afirmou Rangel. O ministro chinês, Wang Yi, também destacou a importância de um sistema multilateral, centrado na Organização das Nações Unidas e no direito internacional, sublinhando que a atual situação internacional exige um diálogo e uma cooperação mais intensos.
Rangel acredita que a visita do primeiro-ministro poderá trazer avanços significativos nas relações bilaterais e ajudar a enfrentar os desafios atuais. Questionado sobre a aparente contradição entre a defesa do multilateralismo e a recente reunião entre os líderes da China, Rússia e Coreia do Norte, Rangel fez questão de esclarecer que é necessário separar as questões. “A China sempre defendeu os princípios do multilateralismo e a importância das instituições internacionais”, disse.
O ministro português sublinhou ainda que Portugal “conta muito com a China” para exercer uma influência positiva sobre a Rússia, de modo a facilitar um cessar-fogo e um processo de paz na Ucrânia. Rangel referiu que este é um “papel único”, que poucas outras potências têm a capacidade de desempenhar.
Além disso, Rangel abordou o agendamento da visita do primeiro-ministro, que já estava planeada há algum tempo, e que não deve ser confundida com a reunião em Pequim, que foi alvo de críticas por parte da União Europeia. “A viagem ao Japão e a visita à China estavam previstas há muito. Tivemos que ajustar o calendário devido a eleições”, explicou.
Sobre a sensibilidade dos dois países em relação à proximidade das visitas, Rangel afirmou que tanto a China quanto o Japão compreendem a longa relação de amizade que mantêm com Portugal. “São países com os quais temos laços há 500 anos, e eles entendem a situação”, acrescentou.
O primeiro-ministro português iniciará a sua visita oficial à China na próxima terça-feira, onde se encontrará com o Presidente Xi Jinping e visitará Macau, antes de seguir para o Japão, onde ficará até sexta-feira, com paragens em Tóquio e Osaka.
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Fonte: Sapo