O festival PARAÍSO, que decorre em Braga de 18 a 20 de setembro, celebra os 50 anos das independências dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Este evento destaca-se por explorar o universo artístico afrodescendente e lusófono, promovendo um espaço de diálogo e reflexão sobre o passado, presente e futuro. Com uma programação centrada em três eixos — Arte, Pensamento e Mediação — o festival convida a uma abordagem inclusiva e transformadora.
Nuno Abreu, responsável pela coordenação curatorial do festival desde a sua primeira edição, questiona: que caminhos trilhar 50 anos após as independências? Ele sublinha que os legados do colonialismo e do pós-colonialismo continuam a ser temas relevantes e sensíveis, tanto em Portugal como globalmente. O festival PARAÍSO pretende ser um catalisador para o debate sobre questões como o racismo e o neocolonialismo, utilizando a arte como meio de diálogo construtivo.
A essência do festival é não evitar a complexidade, mas sim convocar diferentes perspetivas para fomentar a conversa. Nuno Abreu acredita que as instituições culturais têm um papel crucial na promoção de uma programação diversificada que aborde temas importantes. O festival PARAÍSO procura disponibilizar ao público uma variedade de linguagens artísticas, permitindo que questões fraturantes sejam discutidas de forma plural.
Um dos objetivos do festival é dar visibilidade a artistas que, frequentemente, não têm acesso a oportunidades nos teatros nacionais. Nuno Abreu destaca a importância de trazer à tona a invisibilidade e a racialização através da arte, enriquecendo a consciência coletiva e propondo múltiplas narrativas. A cultura, segundo ele, deve ter um papel ativo na mudança de mentalidades e na reconfiguração da narrativa social.
Nesta edição do festival, haverá espaço para novas criações, como “Adilson”, a primeira ópera de Dino D’ Santiago, que aborda a imigração em Portugal. Além disso, a mítica Banda Monte Cara, que se formou no primeiro bar africano em Lisboa, fará a sua estreia em Braga, trazendo consigo um legado histórico que continua a ser relevante.
O festival também inclui conversas e passeios pelas ruas de Braga, onde os participantes poderão refletir sobre os símbolos e marcas coloniais presentes no dia a dia. Nuno Abreu ressalta que estas atividades são uma oportunidade para avivar a memória e aumentar a consciência sobre o impacto histórico das conquistas dos PALOP.
Através de iniciativas como o festival PARAÍSO, instituições culturais como o Theatro Circo e o gnration promovem o diálogo entre comunidades e a mobilidade artística em Portugal, enriquecendo assim o tecido cultural do país.
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PARAÍSO | 18-20 setembro | Braga | Programação completa em theatrocirco.com | gnration.pt
festival PARAÍSO Nota: análise relacionada com festival PARAÍSO.
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Fonte: Sapo