Estratégia de Inovação para Ciências da Vida em Portugal

A Comissão Europeia anunciou, no início de julho, uma nova estratégia para tornar a Europa o destino mais atrativo do mundo para as ciências da vida até 2030. Este plano, que deve ser uma prioridade para Portugal, foca-se em três áreas principais: otimização do ecossistema de investigação e desenvolvimento (I&D), aceleração do acesso ao mercado e aumento da adoção de inovações. Com mais de 10 mil milhões de euros por ano mobilizados a partir do orçamento europeu, esta é uma oportunidade única para o país.

A Comissão Europeia reconhece que existem “sinais preocupantes”, como a diminuição de ensaios clínicos na União Europeia e a dificuldade em escalar inovações devido a uma regulação excessivamente restritiva. Para enfrentar estes desafios, foram anunciadas medidas concretas, como uma regulação mais ágil, sandboxes regulatórias e a criação de um EU Biotech Hub. A execução eficaz destas medidas pode transformar o panorama da inovação em ciências da vida na Europa.

Para Portugal, a oportunidade é clara: passar de um país “barato e competente” para um líder em segmentos específicos da cadeia de valor. O país já possui âncoras industriais e científicas, como Hovione, BIAL e Champalimaud, além de uma crescente capacidade em ensaios clínicos. No entanto, é crucial transformar esses ativos num “Sistema Portugal” orientado para resultados económicos.

Se Portugal desenvolver uma visão estratégica para a inovação em ciências da vida, pode posicionar-se como uma plataforma europeia para dados de saúde, ensaios clínicos e bioprodução especializada. Isso não só geraria exportações e empregos qualificados, mas também aumentaria a receita fiscal. Caso contrário, o país poderá tornar-se apenas um consumidor de inovações, dependente de soluções externas.

Atualmente, o Sistema Nacional de Saúde (SNS) enfrenta uma crise que consome a atenção dos decisores, dificultando a estruturação de um futuro sustentável para o setor. A falta de médicos, as longas listas de espera e a pressão orçamental são desafios que precisam ser resolvidos. No entanto, é essencial que, paralelamente a estes problemas, se comece a pensar em políticas públicas e iniciativas privadas que promovam a inovação em ciências da vida.

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Para isso, sugiro sete movimentos concertados que podem ajudar Portugal a destacar-se neste campo:

1. Ser o primeiro a implementar o European Health Data Space, criando uma entidade nacional que facilite o acesso a dados de saúde.
2. Criar uma sandbox regulatória no INFARMED para antecipar o EU Biotech Act, permitindo decisões mais rápidas e previsíveis para ensaios clínicos.
3. Implementar o “Portugal Clinical Trials Fast-Track”, com o objetivo de duplicar o número de ensaios clínicos até 2028.
4. Estabelecer uma rede nacional de testbeds hospitalares para acelerar a inovação em saúde.
5. Investir na bioprodução e nas CDMOs, reforçando a capacidade de produção em Portugal.
6. Criar fundos de investimento focados em inovação e acesso ao mercado, atraindo parcerias entre empresas e universidades.
7. Promover a mobilidade científica através de vistos ágeis e programas de doutoramento em empresas.

Se não aproveitarmos esta oportunidade, corremos o risco de perder a chance de transformar as ciências da vida em motores da nossa economia. Portugal possui empresas de referência e centros científicos de excelência, mas falta uma ambição estratégica. A inovação em ciências da vida deve ser uma prioridade política e económica. Bruxelas abriu a porta, e agora cabe a nós decidir se vamos atravessar ou ficar à espera.

Leia também: O papel da inovação na recuperação económica de Portugal.

inovação em ciências da vida Nota: análise relacionada com inovação em ciências da vida.

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Fonte: Sapo

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