A NacionalGest, uma corretora de seguros com sede em Faro, está a caminho de realizar 10 aquisições de mediadoras e corretoras em apenas dois anos. Nos últimos três meses, a empresa concretizou a compra da JNS Seguros, das mediadoras Beira Dinâmica e ROQ, ambas localizadas em Castelo Branco, da corretora Cegrel, especializada em seguros agrícolas, e da ANR no Fundão. Antes disso, já tinha adquirido S.L. Seguros, Segurassiste, Sulseg, Silva – Mediação e 2002 Seguros.
Cláudio Gonçalves, Diretor Geral da NacionalGest, explica que a escolha das mediadoras a adquirir passa pela qualidade das relações humanas. “É fundamental que os donos sejam boas pessoas, pois relações duradouras são essenciais para o sucesso do negócio”, afirma. Os antigos sócios, ao venderem as suas empresas, libertam-se da carga da gestão e podem reinvestir o capital, o que, segundo Gonçalves, traz um novo ânimo e uma nova vida a esses empresários.
A estratégia da NacionalGest foca-se em mediadores de menor dimensão, uma vez que as grandes corretoras em Portugal são, na sua maioria, de capitais estrangeiros. Gonçalves destaca que as negociações com grandes corretores são frequentemente complicadas por questões de cultura e desajustamento de preços. “Preferimos trabalhar com mediadores médios e pequenos, onde podemos estabelecer relações mais saudáveis e justas”, explica.
A empresa procura pagar um preço justo nas aquisições, pois acredita que relações que começam de forma desequilibrada tendem a acabar mal. “Queremos que a relação seja boa para todos os envolvidos, desde os clientes até os vendedores”, sublinha Gonçalves. A NacionalGest está atenta ao volume de negócios e à geografia, mas considera que a qualidade das pessoas é o principal critério.
A corretora Cegrel, por exemplo, trouxe à NacionalGest uma especialização em seguros agrícolas, um setor que Gonçalves considera relevante para a economia. No entanto, ele alerta que a indústria de seguros enfrenta um desafio em cobrir riscos ainda não abordados. “A inovação é crucial, e precisamos de educar os clientes sobre os riscos que precisam de cobertura”, afirma.
Gonçalves também destaca a importância da literacia financeira e da comunicação regular com o mercado. “Estamos a trabalhar para que as nossas equipas se tornem verdadeiros consultores, capazes de identificar e explicar os riscos aos clientes”, diz. A NacionalGest tem uma equipa de 100 pessoas que interagem diariamente com o público, procurando sempre dar algo de valor à comunidade.
Em relação ao futuro, Gonçalves acredita que a NacionalGest deve focar-se em produtos de vida e reforma, especialmente com o aumento da preocupação com a sustentabilidade das pensões. “É um tema que precisamos de abordar com os nossos clientes”, conclui.
Por fim, a NacionalGest tem uma abordagem cautelosa em relação à avaliação de empresas para aquisição, evitando depender de indicadores isolados. “Cada empresa é única, e a nossa prioridade é garantir que o investimento retorne em cinco anos”, finaliza Gonçalves.
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Fonte: ECO