A recente desaceleração no mercado de trabalho dos Estados Unidos está a consolidar as expectativas de cortes de juros por parte da Reserva Federal (Fed) em setembro. Michael Krautzberger, Diretor de Investimento Global da Allianz Global Investors, destaca que a evolução do mercado de trabalho é um fator crucial para a política monetária da Fed.
Krautzberger salienta que, apesar das expectativas de redução das taxas de juros, a única variável que poderia alterar este cenário seriam surpresas inflacionárias em alta. “As nossas perspetivas sobre a curva de juros dos EUA e o dólar norte-americano mantêm-se praticamente inalteradas. Acreditamos que o ambiente macroeconómico e político continua a favorecer uma inclinação da curva de juros, embora tenhamos aproveitado a oportunidade para reduzir alguns riscos”, explica.
O presidente da Fed, Jay Powell, adotou uma postura cautelosa na última reunião em Jackson Hole, e o recente relatório de emprego reforçou a ideia de que a Fed pode estar a mudar a sua abordagem. O Livro Bege da Fed indicou que a economia dos EUA estagnou nos últimos meses, com muitos distritos a reportarem pouca ou nenhuma alteração na atividade económica e um mercado de trabalho lento durante o verão.
Embora a Fed tenha ajustado as suas previsões de crescimento e aumentado as projeções de taxa de desemprego e inflação para 2025 e 2026, é possível que a instituição esteja a considerar riscos adicionais em baixa nas suas últimas estimativas económicas. Isso poderia apoiar uma redução nas projeções da taxa de Fed Funds para esses anos.
Krautzberger também menciona que, apesar do impacto da política tarifária dos EUA estar a ser refletido lentamente nos dados da inflação, a inflação subjacente do índice PCE, que é a medida preferida pela Fed, permanece acima do objetivo, situando-se nos 2,9% anuais. Com o crescimento real do PIB a cair para metade em relação a 2024, os consumidores poderão enfrentar novas pressões sobre os seus rendimentos reais nos próximos meses.
Este cenário macroeconómico abre caminho para que a Fed retome o seu ciclo de cortes de juros este mês. Contudo, com a inflação ainda elevada, a expectativa é que o corte seja de 25 pontos base, em vez de 50. O ritmo dos futuros cortes dependerá da evolução do mercado de trabalho, mas o cenário poderá complicar-se se a inflação surpreender em alta.
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Fonte: Sapo