Ricardo Arroja, antigo presidente da AICEP, revelou que a sua exoneração foi comunicada pelo gabinete do atual Ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, através de uma chamada telefónica. A demissão ocorreu a 23 de junho de 2025, após a indicação de que o ministro pretendia alguém com “um perfil diferente” à frente da agência. Arroja foi informado da sua exoneração apenas algumas horas depois de ter sido dispensado de uma reunião de trabalho.
Na sua resposta escrita aos deputados, Arroja destacou que, durante o seu mandato, as metas de investimento para 2024 foram superadas, com um total de 420 milhões de euros contratualizados. Este resultado, segundo ele, foi alcançado em grande parte no final do ano, superando as expectativas do Conselho de Administração que tomou posse em junho de 2024.
Para 2025, Arroja indicou que, até ao final do primeiro quadrimestre, a AICEP já tinha contratualizado 300 milhões de euros. Ele mencionou que, na sua saída, estavam em análise vários projetos de investimento que poderiam beneficiar de apoios financeiros e fiscais do Estado, com o objetivo de atingir um total de 3.700 milhões de euros para o ano.
Arroja também sublinhou que a AICEP cresceu em abrangência e número de iniciativas durante a sua liderança, recebendo elogios tanto do antigo ministro da Economia, Pedro Reis, como do atual primeiro-ministro, Luís Montenegro. Ele afirmou que o trabalho desenvolvido estava alinhado com o programa do governo e não havia sinais de insatisfação da tutela.
Uma das principais reformas que implementou foi a criação de um Grupo de Trabalho interno para verificar incentivos e realizar auditorias, uma iniciativa que começou logo após a sua entrada em funções. Arroja também denunciou constrangimentos administrativos relacionados com programas do PRR e do PT2030, que dificultaram a tramitação de candidaturas e a análise de processos.
Ele criticou a discrepância entre o discurso político e a realidade no terreno, enfatizando que a falta de ferramentas adequadas prejudica a eficiência dos serviços prestados pela AICEP. Esta situação foi abordada em uma entrevista ao “ECO – Economia Online”, onde expressou preocupações sobre a gestão de fundos europeus em Portugal.
Após a sua saída, Arroja deixou pendente a revisão do modelo de financiamento da AICEP. A atual presidente do Conselho de Administração, Madalena Oliveira e Silva, que fazia parte da sua equipa, possui experiência suficiente para dar continuidade aos dossiers estratégicos discutidos durante o seu mandato.
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Fonte: Sapo