A igualdade salarial é uma questão que vai além da ética; é um imperativo para uma liderança responsável e consciente. Avaliar funções, em vez de géneros, é um passo fundamental para assegurar justiça nas organizações. Para isso, é essencial implementar critérios objetivos de avaliação e remuneração, políticas transparentes e uma cultura que valorize o impacto do trabalho, em vez de estereótipos.
Durante anos, a narrativa de que as mulheres não aspiram a cargos de liderança tem sido amplamente divulgada. Contudo, os dados apresentam uma realidade diferente. As mulheres tendem a candidatar-se a vagas apenas quando cumprem todos os requisitos exigidos, ao contrário dos homens, que avançam mesmo com apenas 60% das qualificações. Este padrão, evidenciado pelo artigo da Harvard Business Review, perpetua a disparidade salarial e limita o acesso das mulheres a posições de liderança.
Além disso, muitas mulheres evitam pedir aumentos e não se comparam com os seus colegas, comportamentos que contribuem para a manutenção da desigualdade salarial. Para muitos líderes, especialmente homens, a questão da igualdade salarial ainda não é uma prioridade. Esta situação resulta em custos reduzidos para as empresas, perpetuando uma cultura que precisa de ser urgentemente reavaliada.
Recentemente, a Diretiva Europeia sobre a Transparência Salarial promete trazer mudanças significativas, obrigando as empresas a divulgar os intervalos salariais até 2026. Esta medida irá expor as disparidades existentes e aumentar a consciência sobre a realidade salarial, que em Portugal revela que as mulheres ganham, em média, 13,2% menos que os homens, com a diferença a aumentar para 27,6% na reforma.
No entanto, a mudança deve começar antes da implementação da Diretiva. É crucial que as empresas adotem uma abordagem que avalie o trabalho com base nas funções, assegurando que funções com impacto semelhante sejam remuneradas de forma equivalente. A avaliação por função, e não por perfil, permite reconhecer o valor real do trabalho, independentemente de quem o executa. Políticas claras e critérios objetivos são fundamentais para garantir isenção e equidade.
A diversidade nas equipas também se revela uma vantagem competitiva. O relatório da McKinsey, “Diversity Matters Even More”, demonstra que empresas com lideranças diversas têm maior probabilidade de superar os seus concorrentes em rentabilidade e satisfação interna.
Promover a igualdade salarial resulta em culturas organizacionais mais saudáveis, profissionais mais qualificados e maior retenção de talento. Acima de tudo, combate um dos sentimentos mais difíceis de enfrentar: a injustiça.
Se aspiramos a organizações mais transparentes, devemos começar pela equidade salarial. O custo da desigualdade é sempre superior ao da mudança. Leia também: A importância da transparência salarial nas empresas.
igualdade salarial Nota: análise relacionada com igualdade salarial.
Leia também: Protestos contra austeridade em França resultam em feridos e detenções
Fonte: Doutor Finanças