A desigualdade salarial entre homens e mulheres continua a ser uma realidade preocupante em Portugal. Em média, as mulheres ganham 13% menos do que os homens por trabalho de igual valor. Este fosso salarial não é apenas uma questão de justiça social, mas representa também um risco financeiro e reputacional para as empresas que optam por ignorá-lo.
O impacto da desigualdade salarial no desempenho das empresas é significativo. De acordo com um relatório da McKinsey & Company, as empresas que promovem a diversidade de género têm 25% mais probabilidade de alcançar resultados financeiros superiores à média do seu setor. Por outro lado, a desigualdade salarial mina esse potencial, gerando desmotivação, diminuindo a produtividade e aumentando a rotatividade de talento.
As novas gerações têm uma visão clara sobre a equidade salarial. Um estudo da PwC revela que 86% dos millennials consideram as políticas de igualdade salarial um critério decisivo para aceitar ou permanecer num emprego. Ignorar esta expectativa pode resultar na perda de competitividade na atração e retenção de talento qualificado, um dos maiores desafios que as organizações enfrentam atualmente.
Com a nova Diretiva Europeia sobre a Transparência Salarial, que entrará em vigor em 2026, as empresas serão obrigadas a divulgar intervalos salariais por função e a implementar mecanismos de fiscalização da igualdade de remuneração. O incumprimento poderá resultar em sanções legais, processos judiciais e danos à reputação da empresa.
Num mercado onde a reputação corporativa está cada vez mais ligada à responsabilidade social, a desigualdade salarial é vista como um sinal de uma cultura ultrapassada e pouco ética. Em contrapartida, a equidade salarial impacta diretamente a estrutura de custos, o desempenho económico e a imagem pública das organizações.
É importante notar que a desigualdade salarial não é um problema exclusivo de Portugal. O Banco Mundial e a ONU estimam que a redução das desigualdades de género no mercado de trabalho pode impulsionar significativamente o PIB mundial. Portanto, a equidade não é apenas uma exigência moral, mas uma verdadeira alavanca para o crescimento económico.
As empresas precisam de agir com urgência. As novas gerações são cada vez mais exigentes em relação a práticas equitativas, transparentes e éticas. Aqueles que não se adaptarem a esta mudança enfrentarão consequências graves, incluindo perdas reputacionais, sanções legais e impactos financeiros diretos.
A desigualdade salarial não é uma tendência passageira; é um imperativo estratégico que as empresas devem abordar de forma proativa. Leia também: A urgência da igualdade salarial.
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Fonte: Doutor Finanças