A vice-diretora de Ciência, Tecnologia e Inovação da OCDE, Audrey Plonk, defende que o combate à desinformação deve ser feito de forma holística. Em entrevista à Lusa, Plonk sublinha a importância da literacia digital e das competências necessárias para enfrentar os desafios impostos pela inteligência artificial (IA), especialmente no que diz respeito às ‘deepfakes’.
Durante uma conferência da Anacom, realizada em Lisboa, a especialista explicou que, para mitigar o impacto das ‘deepfakes’, é crucial promover a literacia digital. “Através do trabalho empírico que realizamos, constatamos que as competências básicas de matemática e literacia são essenciais”, afirma Plonk, destacando que diferentes países têm abordagens variadas para implementar estas competências.
A vice-diretora da OCDE alerta que os sistemas jurídicos também precisam de se adaptar a esta nova realidade. “É fundamental formar as pessoas para que saibam utilizar a tecnologia de forma responsável”, acrescenta. Plonk enfatiza que, para abordar questões de segurança, como a proteção das crianças e a liberdade de expressão, é necessário que as pessoas compreendam a tecnologia com a qual estão a lidar.
Além disso, Plonk refere que os reguladores devem encontrar ferramentas e mecanismos que lhes permitam entender melhor o impacto da desinformação. “Observamos uma crescente atividade regulatória no espaço das ‘deepfakes’, especialmente devido ao seu impacto desproporcional em mulheres e grupos subrepresentados”, lamenta.
Questionada sobre a eficácia da literacia, Plonk defende que esta deve ser parte de uma “abordagem holística”. “Não podemos depender apenas da literacia. É crucial ter iniciativas de ‘fact-checking’ e organizações que responsabilizem as plataformas”, afirma. Para Plonk, todos estes esforços são essenciais para moldar a forma como as populações absorvem e reagem à informação, especialmente em democracias.
A vice-diretora da OCDE acredita que os governos têm um papel fundamental na promoção das competências digitais desde idades jovens. “Estamos a ver um esforço significativo para incluir estas competências nos currículos escolares, o que é muito importante”, diz.
Por fim, Plonk ressalta que a tecnologia pode ser parte da solução. “Podemos utilizar novas abordagens, como a verificação criptográfica, para enfrentar os desafios das ‘deepfakes'”, conclui. A OCDE também desenvolveu uma iniciativa chamada ‘Reinforcing Democracy’, focada na integridade da informação, que visa promover um ambiente informativo saudável.
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Fonte: Sapo