O Porto de Sines, que em 2024 registou um recorde histórico na movimentação de carga contentorizada, com 1,9 milhões de TEU (unidade equivalente a contentor de 20 pés), antecipa um 2025 menos positivo. O presidente da Administração dos Portos de Sines e Algarve (APS), Pedro do Ó Ramos, reconheceu que o primeiro semestre deste ano foi “muito difícil” e que os números finais deverão ser inferiores aos do ano anterior.
Durante a Porto Maritime Week, Pedro do Ó Ramos afirmou: “Este ano não vai ser tão bom”, atribuindo a quebra de atividade a uma paragem de 22 dias devido a condições climatéricas adversas e a “algum conflito laboral”. Neste contexto, a administração portuária lançou uma auscultação ao mercado para avaliar o interesse na nova concessão do terminal Vasco da Gama, parte de um plano de investimentos de 1,2 mil milhões de euros até 2035.
Recentemente, os trabalhadores do porto iniciaram uma greve parcial, embora o líder da APS tenha mencionado que a adesão foi “muito fraca”, o que considerou positivo. Pedro do Ó Ramos assegurou que a empresa está a acompanhar a situação de perto e expressou confiança na superação das dificuldades operacionais. “Nos contentores tivemos um primeiro semestre muito difícil, mas está a recuperar paulatinamente”, acrescentou.
O Sindicato das Indústrias, Energia, Serviços e Águas de Portugal (SIEAP) informou que a greve está a impactar cerca de 50% das operações, com metade das gruas paradas. Cláudio Santiago, secretário-geral do sindicato, destacou a mobilização dos trabalhadores, embora reconheça que a adesão pode variar.
Apesar das dificuldades atuais, o presidente da APS mantém uma visão otimista para o futuro do Porto de Sines. Ele sublinhou que, até 2035, a previsão é movimentar 3,2 milhões de TEU, o que consolidará o porto como um dos principais do país. Além disso, destacou a capacidade de expansão do porto, ao contrário de outros, como Leixões.
Pedro do Ó Ramos também enfatizou a importância da descarbonização, afirmando que o Porto de Sines tem a responsabilidade de liderar a transição verde. O objetivo é alcançar a autossuficiência em energia renovável até 2045. Durante um fórum recente, mencionou que existem 20 mil milhões de euros em potenciais investimentos em Sines, com destaque para projetos relacionados com hidrogénio e aço verde.
A administração portuária está a realizar um estudo de mercado para garantir que o novo concurso para a construção do terminal de contentores não repita os erros do passado, quando o concurso de 2019 não atraiu interessados. O novo terminal Vasco da Gama, com um custo estimado de 701 milhões de euros, será lançado com uma concessão de 560 milhões de euros.
Pedro do Ó Ramos acredita que a localização estratégica de Sines, com mais de 20 rotas semanais para todo o mundo, será um fator atrativo para potenciais investidores. “Acreditamos que a localização de Sines vai conseguir atrair interessados”, concluiu.
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Porto de Sines Porto de Sines Nota: análise relacionada com Porto de Sines.
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Fonte: ECO