O Nepal, um país com uma rica história que remonta a 1768, viveu uma revolução política significativa, impulsionada pela Geração Z. Desde a proclamação da República em 2008, o país tem sido governado por forças de esquerda. No entanto, a recente proibição de 26 redes sociais, incluindo Facebook e Instagram, desencadeou uma onda de protestos entre os jovens, que consideram esta decisão um ataque à liberdade de expressão.
Com cerca de 30 milhões de habitantes, dois terços da população do Nepal têm menos de 34 anos. Este grupo, que se sente cada vez mais desconectado das decisões políticas, viu na interdição das redes sociais uma limitação das suas possibilidades de comunicação, especialmente para aqueles que vivem no exterior. A revolta, que começou em junho de 2025, resultou em manifestações massivas, incêndios e confrontos com as autoridades, levando à demissão do primeiro-ministro Sharma Oli e à dissolução do Parlamento.
Após intensas negociações, Sushila Karki, presidente do Supremo Tribunal, foi nomeada primeira-ministra interina. A Geração Z vê nela uma figura capaz de conduzir o país a novas eleições, marcadas para março de 2026. Este momento é crucial, pois os jovens esperam que a nova liderança traga mudanças significativas, afastando-se dos partidos tradicionais que, segundo eles, falharam em resolver os problemas económicos e sociais do país.
A situação económica no Nepal é complexa. Apesar dos avanços na educação, com uma taxa de alfabetização a ultrapassar 71%, o mercado de trabalho formal não consegue absorver a quantidade de jovens qualificados. A agricultura, que emprega 63% da população ativa, contribui apenas com 24% do PIB, refletindo um sistema económico ainda muito dependente de estruturas semifeudais. A Geração Z, que conta com mais de 17 milhões de utilizadores do Facebook, vê nas redes sociais uma forma de escapar à falta de oportunidades e de desenvolver pequenos negócios informais.
A revolta da Geração Z não é apenas uma resposta à proibição das redes sociais, mas também um grito contra a corrupção e a ineficácia dos partidos políticos. Os jovens acreditam que tanto o Partido do Congresso como os partidos comunistas têm falhado em abordar questões cruciais, como a criação de emprego e a promoção de uma economia mais dinâmica. As expectativas são altas para as próximas eleições, com a esperança de que um novo modelo de governo possa surgir, livre das amarras dos partidos tradicionais.
A Geração Z no Nepal está a exigir mudanças e a sua revolta pode ser um ponto de viragem na história política do país. Com a nova liderança interina, muitos acreditam que há uma oportunidade para redefinir o futuro do Nepal. Contudo, os desafios permanecem, e a instabilidade política ainda pode estar à espreita.
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Fonte: Sapo