Na conferência que assinalou o nono aniversário do Jornal Económico, Carlos Tavares, ex-CEO da Stellantis, afirmou que Portugal já não pode contar com os Estados Unidos como um parceiro confiável. O evento decorreu na AESE Business School, em Lisboa, e Tavares destacou que a relação entre os dois países se tornou meramente transacional.
O gestor considera que esta nova realidade pode ser vista como uma oportunidade para Portugal repensar o seu futuro sem a dependência dos EUA. “É um ponto positivo, pois obriga-nos a pensar por nós mesmos”, afirmou Tavares, referindo-se ao papel dos EUA na NATO e ao seu foco em desenvolver as exportações de armamento americano para a Europa.
Tavares sublinhou que os Estados Unidos, apesar de serem a nação mais poderosa e rica do mundo, estão a afastar-se de vários países, levando-os a procurar novas alianças, especialmente com a China. “Estamos a assistir à criação de uma nova ordem mundial”, disse, referindo-se ao impacto da política externa norte-americana sob a administração de Donald Trump.
O gestor criticou a postura dos EUA, que, segundo ele, está a provocar um alinhamento natural do resto do mundo com a China, acelerando a sua ascensão a uma posição de dominação global. “A política americana atual tem como consequência o oposto do que pretendem, que é impedir que a China se torne a número um”, afirmou.
Tavares também abordou o desequilíbrio comercial que os EUA frequentemente invocam, sugerindo que este se deve mais à fraca produtividade e à qualidade da indústria norte-americana do que a práticas comerciais desleais de outros países.
Em relação à União Europeia, Tavares criticou a falta de uma visão política comum, que, segundo ele, penaliza o bloco e alimenta rivalidades internas, especialmente entre França, Alemanha e Itália. “A guerra existente nos bastidores desqualifica esses estados para serem o farol da UE”, disse.
O ex-CEO também fez críticas ao Acordo de Paris, considerando-o um exemplo do declínio do mundo ocidental. Tavares argumentou que, ao exigir que os países em desenvolvimento travassem o seu progresso, o ocidente falhou em reconhecer a sua própria responsabilidade na degradação ambiental.
“É necessário que o mundo ocidental ponha um ponto final ao seu declínio, aceitando que a burocracia e a falta de ação não são um futuro viável num mundo com crescimento estagnado”, concluiu.
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Fonte: Sapo