O mês de julho de 2025 registou um número alarmante de despedimentos coletivos em Portugal, com 781 trabalhadores a serem efetivamente despedidos, o que representa o valor mais elevado para este mês na última década, excetuando o ano de 2020, marcado pela pandemia de Covid-19. Os dados foram divulgados pela Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) e revelam um aumento significativo nas rescisões laborais.
Segundo o relatório da DGERT, em julho foram abrangidos por processos de despedimento coletivo um total de 794 trabalhadores, dos quais 781 acabaram por ser despedidos. Este número é o mais alto desde 2015, quando se registaram 1.020 despedimentos. É importante notar que, em 2020, o total de despedimentos efetivos chegou a 1.036, devido à crise sanitária.
Dos 781 trabalhadores despedidos, 68% eram homens e 32% mulheres. A maior parte dos despedimentos ocorreu no setor de atividades de consultoria, científicas e técnicas, que contabilizou 340 despedimentos, seguido pelas indústrias transformadoras, com 285. Em julho, 43 empresas recorreram ao despedimento coletivo, sendo a maioria microempresas (21), seguidas de pequenas (15), médias (5) e grandes empresas (2).
As médias empresas foram responsáveis pelo maior número de despedimentos, totalizando 313, o que representa 40% do total. As grandes empresas seguiram com 219 despedimentos (28%), as pequenas com 176 (23%) e as microempresas com 73 (9%). A principal razão para os despedimentos coletivos foi a redução de pessoal, que esteve na base de 53% dos casos, enquanto o encerramento de secções de atividade e de empresas justificou 29% e 18% dos despedimentos, respetivamente.
Geograficamente, a região de Lisboa e Vale do Tejo destacou-se, com 81% dos despedimentos, totalizando 633 trabalhadores. O Norte seguiu com 12% (91 trabalhadores), o Centro com 6% (46), o Algarve com 1% (8) e o Alentejo com 0,4% (3). Até julho, o número de trabalhadores abrangidos por despedimentos coletivos aumentou 30,3% em comparação com o mesmo período de 2024, totalizando 4.688, dos quais 4.578 foram efetivamente despedidos.
Os parceiros sociais expressaram preocupação com o aumento dos despedimentos coletivos, especialmente no setor da indústria. O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) alertou para a necessidade de uma análise cuidadosa dos dados, que podem exigir medidas para mitigar o impacto no mercado de trabalho. A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) também manifestaram apreensão, destacando que 42% dos despedimentos ocorreram nas indústrias transformadoras.
O aumento dos despedimentos coletivos é um sinal preocupante que requer atenção das autoridades e uma resposta eficaz para proteger os trabalhadores. Leia também: “Impacto da pandemia no mercado de trabalho em Portugal”.
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Fonte: ECO