Portugal apresentou uma das 76 candidaturas para as cinco gigafábricas de inteligência artificial (IA) que a Comissão Europeia planeia implementar na Europa. Este projeto ambicioso poderá envolver um investimento total de até quatro mil milhões de euros. Mas, afinal, o que caracteriza uma gigafábrica de IA?
Essencialmente, uma gigafábrica de IA é uma infraestrutura de computação de grande escala, projetada para desenvolver, treinar e implementar modelos de IA altamente sofisticados, que podem ter centenas de milhões de parâmetros. Estas instalações representam um avanço significativo em relação às atuais Fábricas de IA da União Europeia, aumentando a capacidade tecnológica em termos de processamento e armazenamento de dados.
Atualmente, Portugal já participa na Fábrica de IA através do supercomputador Mare Nostrum 5, localizado em Barcelona, em colaboração com Espanha, Roménia e Turquia. Contudo, as gigafábricas de IA oferecem uma capacidade computacional muito superior, com a Comissão Europeia a estabelecer uma meta de cerca de 100 mil processadores gráficos para cada uma delas, comparativamente aos 20 mil disponíveis nas Fábricas de IA.
O principal objetivo destas infraestruturas é criar uma plataforma de computação de classe mundial, acessível a investigadores, startups e empresas em toda a Europa. Este acesso será feito sob condições específicas, promovendo o desenvolvimento de novas gerações de modelos e aplicações de IA que podem ser aplicadas em áreas científicas, industriais e comerciais.
Além disso, a Comissão Europeia enfatiza a importância da eficiência energética nas gigafábricas de IA, que deverão incluir sistemas de automação baseados em IA. Estes sistemas visam otimizar o processo de desenvolvimento, treino, inferência e implementação dos modelos de IA. A expectativa é que estas gigantescas infraestruturas de dados contribuam para a criação de soluções inovadoras em diversos setores, como saúde, biotecnologia, indústria, transporte e energia, num cenário de intensa concorrência com potências como os EUA e a China.
As gigafábricas também poderão facilitar simulações complexas, análise em tempo real de grandes volumes de dados e a implementação de modelos de IA preditivos e generativos em larga escala. Outro aspeto importante é a promoção da colaboração entre investigadores, startups e a indústria.
Dado o elevado investimento necessário, estimado em cerca de cinco mil milhões de euros apenas para a construção, a Comissão Europeia prevê que a operação das gigafábricas de IA seja realizada através de Parcerias Público-Privadas (PPP). Este modelo envolverá o setor industrial, a União Europeia e os Estados-membros, através do programa InvestAI.
Assim, as cinco gigafábricas de IA que a Comissão Europeia pretende concretizar nos próximos anos poderão representar um investimento total próximo dos 20 mil milhões de euros, conforme anunciado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em fevereiro.
A gigante tecnológica Nvidia já se juntou ao consórcio que está a ser formado pelo Banco Português de Fomento, que assegurou os 100 mil processadores necessários para o projeto. O CEO do Banco, Gonçalo Regalado, destacou que a candidatura está estruturada em quatro pilares principais: indústria, saúde, defesa e economia dos oceanos, suportados por telecomunicações e energia.
O concurso oficial para a escolha das localizações das gigafábricas deverá ser lançado pela Comissão Europeia no quarto trimestre. Apesar das ambições de Portugal, a aprovação da proposta ainda não está garantida.
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Fonte: ECO
