A Ares do Pinhal, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) que atua em Lisboa desde 1986, está a alertar para o aumento do consumo de substâncias aditivas na cidade. Elsa Belo, responsável pela instituição, destaca a importância de agir rapidamente para evitar que áreas como a avenida de Ceuta se tornem um novo Casal Ventoso, um fenómeno que a cidade já viveu no passado.
A Ares do Pinhal desenvolve dois projetos principais na área dos comportamentos aditivos. O primeiro é um programa de substituição opiácea de baixo limiar de exigência, que facilita o acesso a tratamentos, como a metadona, através de unidades móveis. Este programa tem como objetivo estabilizar os consumidores e melhorar a sua saúde. O segundo projeto é o Serviço de Apoio Integrado, localizado na antiga zona do Casal Ventoso, que oferece um Programa de Consumo Vigiado, além de serviços de higiene, alimentação e cuidados médicos.
Elsa Belo revela que a Ares do Pinhal está a atender cerca de 1.600 pessoas diariamente, sendo que o programa de substituição opiácea conta com aproximadamente 1.250 utilizadores e o programa de consumo vigiado tem 3.423 inscritos, com cerca de 300 pessoas a frequentá-lo diariamente. Contudo, a instituição não consegue dar resposta a todos os que precisam, deixando muitos à porta.
O aumento do consumo de drogas na cidade é uma preocupação crescente. Embora os consumos mais comuns continuem a ser de heroína e cocaína, a responsável alerta para a possibilidade de novas substâncias, como drogas sintéticas, entrarem no mercado. Para isso, é fundamental que as instituições se preparem e invistam na testagem de substâncias, de forma a evitar cenários mais graves.
Elsa Belo sublinha que faltam apoios no terreno e que os existentes precisam de atualização financeira para responder à crescente demanda. A situação tem sido discutida com o Instituto para os Comportamentos Aditivos e Dependências (ICAD) e a Câmara Municipal de Lisboa, mas a implementação de medidas eficazes tem sido lenta. A criação de novos espaços de consumo e respostas de emergência são algumas das soluções identificadas para enfrentar o problema.
A responsável acredita que o tema tem sido valorizado, mas a evolução na criação de novas respostas tem sido limitada. O receio de que áreas como a avenida de Ceuta se tornem um novo Casal Ventoso é real. A Ares do Pinhal esteve envolvida no desmantelamento do antigo bairro em 1997 e não quer ver a repetição desse cenário. A história deve servir de lição para que se evitem erros do passado. “Se não agirmos rapidamente, é certo que tudo se repete”, conclui Elsa Belo.
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Fonte: Sapo
