Portugal caiu duas posições no ranking europeu de atratividade para investimento direto estrangeiro, ocupando agora a 9.ª posição, de acordo com o EY Attractiveness Survey Portugal, divulgado recentemente. O país trocou de lugar com a Itália, que subiu para a 7.ª posição, enquanto a Bélgica manteve-se em 8.º. A percentagem de investidores que planeiam investir em Portugal caiu de 84% para 60%, um sinal preocupante para o futuro do investimento estrangeiro no país.
A análise da consultora EY indica que esta queda se insere numa conjuntura europeia marcada por um crescimento económico mais lento, taxas de juro elevadas e um elevado nível de dívidas públicas. Além disso, a incerteza macroeconómica e política, com tensões regionais e globais, está a afetar a confiança dos investidores. O número de projetos de investimento direto estrangeiro em Portugal diminuiu 11%, totalizando 196 em 2024. Embora o número de novos projetos tenha aumentado em 21% em relação ao ano anterior, os projetos de expansão caíram 50%.
As expectativas dos executivos também refletem esta deterioração. Apenas 60% dos inquiridos preveem estabelecer ou expandir operações em Portugal no próximo ano, uma descida significativa em relação aos 84% do inquérito anterior, embora ligeiramente acima da média europeia de 59%. A confiança nas perspetivas a médio prazo também diminuiu, com apenas 61% a antecipar um aumento da atratividade de Portugal nos próximos três anos, comparado com 78% no ano anterior.
Miguel Farinha, Country Manager Partner da EY Portugal, explica que esta diminuição nas expectativas é resultado do fim de uma “diferenciação positiva” que beneficiava o país. Nos últimos anos, Portugal destacou-se na Europa, atraindo investidores com otimismo. No entanto, o arrefecimento da economia europeia e a instabilidade geopolítica estão a afetar também o nosso mercado.
Em termos de setores, o software e serviços de IT continuam a liderar o investimento estrangeiro, com 137 projetos assegurados em 2024, embora tenha havido uma quebra de 23 projetos em relação a 2023. Este setor representa 29,1% de todos os projetos de investimento direto estrangeiro em Portugal, em comparação com 14,6% na Europa. Os serviços às empresas e serviços profissionais também se mantêm fortes, juntos representando quase metade das iniciativas de investimento.
Apesar da redução no número de projetos, a criação de emprego ligada ao investimento estrangeiro aumentou, em contraste com a tendência europeia de queda expressiva. A criação média de emprego por projeto em Portugal cresceu 3% em 2024. O estudo revela ainda que o investimento extra-europeu, especialmente do Brasil, tem vindo a aumentar. O Brasil, que representa uma parte significativa do investimento estrangeiro em Portugal, demonstrou um potencial crescente, com 16 projetos de investimento direto em 2024.
Miguel Cardoso Pinto, da EY, sublinha que o Brasil pode ser um motor de crescimento para o investimento estrangeiro em Portugal e que é fundamental consolidar as relações com este país. A análise global aponta para uma visão positiva, mas os investidores destacam a necessidade de simplificação fiscal, acesso ao capital e qualidade de vida como fatores cruciais para o investimento estrangeiro.
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Fonte: ECO
