O presidente executivo da Sovena, Jorge de Melo, manifestou à Lusa a sua convicção de que o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul poderá trazer novas oportunidades para o setor agroalimentar português. Segundo ele, este acordo facilitará o acesso a mercados estratégicos, promovendo a competitividade das empresas nacionais e dinamizando as exportações agroalimentares para o Brasil.
A UE e os países do Mercosul estão a trabalhar na finalização do que poderá ser o maior acordo comercial e de investimento do mundo, abrangendo um mercado de 700 milhões de consumidores. Este esforço surge no contexto de um reforço da cooperação geopolítica, económica e de sustentabilidade. A Sovena, um dos principais grupos agroalimentares em Portugal e líder na produção de azeite, acredita que o acordo representa uma oportunidade crucial para aumentar a sua presença no Brasil e potenciar a cadeia de valor, desde a produção até à distribuição.
No entanto, Jorge de Melo alertou para a importância de que o acordo mantenha elevados padrões de qualidade, sustentabilidade e equidade, assegurando que todos os intervenientes beneficiem de condições justas. De acordo com dados oficiais, o Brasil é o maior importador de azeite, com Portugal a responder por 53% das gorduras e óleos vegetais consumidos no país.
O acordo UE-Mercosul envolve os 27 Estados-membros da UE e os países do Mercosul: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, representando 25% da economia global e cerca de 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial. Para superar um impasse que dura há duas décadas, a Comissão Europeia propôs, no início de setembro, um pacto provisório que permitirá a aplicação rápida da parte comercial do acordo, facilitando a sua ratificação sem a necessidade de aprovação individual por cada Estado-membro.
França, o maior produtor de carne bovina da UE, é um dos principais opositores ao acordo, enquanto países como Espanha e Portugal têm procurado avançar nas negociações. Jorge de Melo sublinhou que a assinatura do acordo poderá ter um impacto significativo nas cadeias de abastecimento e nos custos operacionais no Brasil, contribuindo para uma maior eficiência e redução de barreiras tarifárias.
Apesar das expectativas positivas, o responsável da Sovena também destacou os desafios associados à volatilidade dos mercados e à adaptação às novas exigências regulatórias. Recentemente, a chefe da diplomacia da UE visitou o Brasil, que atualmente preside o Mercosul, para impulsionar o acordo. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, expressou a esperança de que o acordo seja assinado em dezembro, durante a Cimeira de Estado do Mercosul.
“A negociação está concluída”, afirmou Vieira, embora tenha alertado que a assinatura ainda requer aprovação legislativa. A Alta Representante da UE, Kaja Kallas, também comentou que a discussão ocorrerá no Conselho Europeu, desejando que tudo corra bem. Lula da Silva, presidente do Brasil, já manifestou a sua intenção de acelerar as negociações para que o acordo possa ser assinado em dezembro, antes da entrega da presidência do Mercosul.
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Fonte: Sapo