O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, acusou o primeiro-ministro de “afronta” ao aproveitar o drama de milhares de famílias em situação de habitação precária para fazer campanha eleitoral. Durante um comício na Praça da Corujeira, no Porto, Raimundo sublinhou que a responsabilidade pela existência de milhares de barracas recai diretamente sobre o Governo.
As declarações surgem na sequência de comentários do primeiro-ministro, que apontou o dedo às autarquias do PS e da CDU pelo ressurgimento de barracas e bairros de lata. Paulo Raimundo respondeu de forma contundente, afirmando que o primeiro-ministro “vive numa bolha” e que as suas afirmações são desprovidas de fundamento. “É cada tiro, cada melro”, disse, referindo-se à falta de atenção do Governo à realidade da habitação.
O secretário-geral do PCP destacou que existem cerca de duas mil barracas e habitações degradadas sob a alçada do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) em Almada. “Se não estou a ver mal, o IHRU é uma responsabilidade direta do Governo”, frisou. Além disso, Raimundo apontou para a situação em Lisboa, onde 11.500 agregados familiares vivem em condições indignas, sob a gestão do autarca Carlos Moedas, do PSD.
“Não há palavras para descrever a afronta. Cada vez que o primeiro-ministro fala sobre habitação, é um tiro nos pés”, afirmou Raimundo, criticando também Luís Montenegro, que, segundo ele, parece viver numa realidade onde rendas de 2.300 euros são consideradas moderadas. “O país não é isso. O primeiro-ministro deve preocupar-se em resolver o problema da habitação em todo o território, em vez de aproveitar o drama de milhares de famílias para fazer campanha”, pediu.
Questionado sobre as críticas do primeiro-ministro às autarquias do PS e da CDU, Paulo Raimundo reiterou que não defende a Câmara Municipal de Almada, mas reafirmou que as duas mil habitações clandestinas naquele concelho são uma responsabilidade do Governo. “Estes anos parados do IHRU, sem uma resposta ao problema da habitação social e das rendas acessíveis, são responsabilidade de quem? Das autarquias?”, questionou.
Raimundo concluiu que a responsabilidade pela situação habitacional não é das autarquias, sejam elas do PS, da CDU ou do PSD. “É responsabilidade do Governo e pronto. O primeiro-ministro continua a não dar uma para a caixa”, acusou, sublinhando a necessidade urgente de uma abordagem eficaz à crise habitacional.
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Fonte: Sapo