A Impresa SGPS, empresa mãe da SIC e do Expresso, confirmou oficialmente a possibilidade de venda do seu controlo acionista. Esta revelação surge nas contas semestrais divulgadas esta terça-feira, onde a empresa admite estar em negociações com o grupo MediaForEurope (MFE), fundado por Silvio Berlusconi. Esta é a primeira vez que a família Balsemão menciona a possibilidade de uma mudança de controlo, o que poderá marcar o fim de um ciclo na história da Impresa.
No dia 27 de setembro, a Impresa já tinha comunicado ao mercado que estava a desenvolver contactos em exclusividade com o grupo MFE, com o objetivo de avaliar potenciais operações societárias. No entanto, a empresa sublinhou que não existia qualquer acordo vinculativo até ao momento. Agora, no relatório e contas do primeiro semestre, a Impresa revela que as negociações continuam e que a venda de controlo está em cima da mesa.
As contas da Impresa não são animadoras, uma vez que a empresa registou um prejuízo de 5,1 milhões de euros. Além disso, a Impresa precisa de uma recapitalização de cerca de 80 milhões de euros para estabilizar a sua estrutura financeira. Entre os eventos recentes, destaca-se o falhanço na venda do edifício-sede a um fundo do BPI por 37 milhões de euros, o que agrava ainda mais a situação financeira da empresa.
A mudança na comunicação da Impresa é notável, especialmente após declarações de um administrador da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que afirmou que já tinham sido prestados todos os esclarecimentos necessários ao mercado. A CMVM suspendeu a negociação das ações da Impresa para permitir que investidores absorvessem a nova informação. A preocupação da CMVM é garantir que o público tenha acesso a informações relevantes e atualizadas sobre a empresa.
A possibilidade de a MFE adquirir uma participação relevante na Impresa, que pode chegar até 75% da holding da família Balsemão, levanta questões sobre o futuro da empresa. Se esta transação se concretizar, a família Balsemão passaria a ter um papel de acionista minoritário, o que obrigaria a MFE a lançar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a Impresa, conforme estipulado pelo Código de Valores Mobiliários.
Atualmente, a Impresa está avaliada em cerca de 21 milhões de euros, mas o seu valor disparou após o regresso à negociação das suas ações. A empresa tem um ‘free float’ de cerca de 30%, com acionistas como o BPI, Newshold, Santander Asset Management e Norges Bank, todos com participações menores.
A situação da Impresa é um reflexo das dificuldades que o setor dos media enfrenta, e a venda de controlo poderá ser uma solução para a empresa recuperar a sua estabilidade financeira. Leia também: “O futuro da SIC e Expresso em tempos de mudança”.
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Fonte: ECO
