As empresas de turismo em Portugal estão a registar um crescimento significativo em termos de faturação e emprego, superando a média do tecido empresarial. No entanto, este crescimento vem acompanhado de uma menor solidez e resiliência financeira, conforme revela um estudo da Informa D&B, divulgado recentemente.
A análise abrangeu cerca de 66.000 empresas dos setores de restauração, transportes, alojamento, serviços turísticos e atividades culturais e recreativas. Apesar de terem sido severamente afetadas pela pandemia de Covid-19, as empresas de turismo têm demonstrado uma recuperação robusta desde 2020, com um aumento anual de 31% no volume de negócios, mais do que o dobro do crescimento de 14% registado pelo tecido empresarial em geral.
O emprego também tem crescido de forma notável neste setor, com uma taxa anual de 5,2%, superior aos 3,6% do restante tecido empresarial. Em 2023, o setor do turismo representava 17% das empresas com atividade comercial, gerando um volume de negócios de aproximadamente 42.000 milhões de euros e um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de 16.000 milhões de euros. Este setor é responsável por cerca de 416 mil empregos, o que corresponde a 12% do total de postos de trabalho em Portugal.
Teresa Cardoso de Menezes, diretora geral da Informa D&B, sublinha que o turismo tem um peso significativo no VAB nacional. Embora a maioria das empresas do setor esteja concentrada na Grande Lisboa e no Norte, regiões como o Algarve e as ilhas apresentam uma maior relevância, tanto em termos de riqueza gerada como de emprego. Nos distritos de Faro, Madeira e Açores, mais de 20% do emprego é assegurado por empresas ligadas ao turismo.
A análise revela que, em termos absolutos, Lisboa e Porto lideram em número de empregos e VAB, com 162.000 empregos e 8.600 milhões de euros de VAB em Lisboa, e 64.000 empregos e 1.800 milhões de euros de VAB no Porto. A restauração destaca-se como a atividade mais representativa, com 39% do total de empresas do setor, seguida pelos transportes e alojamento.
Apesar do crescimento, o estudo aponta para uma menor solidez financeira das empresas de turismo em comparação com o restante tecido empresarial. Entre 2019 e 2023, estas empresas apresentaram níveis inferiores de autonomia financeira e rácio de solvabilidade. Apenas 46% das empresas de turismo têm um nível de resiliência financeira elevado ou médio-alto, em contraste com 51% do total do tecido empresarial.
Além disso, a avaliação de “Risco Failure” indica que apenas 64% das empresas de turismo apresentam um risco mínimo ou reduzido de cessar atividade, comparado com 74% no restante tecido empresarial. Este cenário levanta preocupações sobre a sustentabilidade a longo prazo das empresas de turismo em Portugal.
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Fonte: ECO