Há um ano, Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, alertou sobre a necessidade urgente de a União Europeia (UE) agir para melhorar a competitividade. O seu relatório sobre a competitividade europeia identificou problemas como a estagnação da produtividade, a falta de inovação e as tensões entre a transição verde e o crescimento económico. Apesar do diagnóstico claro, apenas um terço das medidas propostas começou a ser implementado, e menos de uma em cada dez foi totalmente adoptada.
Recentemente, Draghi voltou a criticar a morosidade da UE, pedindo resultados rápidos em vez de longas esperas. Ele sublinhou que a inação não só compromete a competitividade da Europa, mas também a sua soberania. Um ano após o seu primeiro alerta, a situação parece ainda mais complicada: o modelo de crescimento está a esgotar-se, as vulnerabilidades aumentaram e não há um plano claro para financiar os investimentos necessários.
A frustração de empresas e cidadãos é palpável, pois as instituições europeias parecem incapazes de transformar planos em ações concretas. É importante lembrar que, sem uma economia competitiva, não existem valores humanistas e ambientais que possam prevalecer. Muitas das reformas propostas por Draghi já tinham sido sugeridas anteriormente, mas nunca avançaram devido à falta de vontade política e à complexidade das negociações entre os 27 países da UE.
A reforma mais urgente continua a ser a do processo de decisão europeu. A necessidade de consensos lentos e negociações complexas paralisa o progresso, especialmente com a possível entrada de novos países na UE. Cada proposta enfrenta múltiplos filtros, o que torna qualquer reforma estrutural vulnerável a vetos cruzados e diminui a capacidade da UE de responder a crises externas.
Se a Europa quiser ser competitiva, é essencial repensar a governação. Isso inclui a revisão da unanimidade em áreas críticas, o fortalecimento da capacidade executiva da Comissão Europeia e a criação de mecanismos ágeis de financiamento comum. Sem essas mudanças, será difícil mobilizar fundos para investimentos estratégicos e coordenar políticas de forma eficaz.
O apelo de Draghi deve ser encarado com seriedade: a diferença não está apenas entre ambição e recursos, mas também entre necessidade e velocidade. A Europa precisa urgentemente de reformar os seus processos de decisão para agir rapidamente, caso contrário, a sua competitividade continuará a declinar, afetando não apenas o crescimento económico, mas também a sua relevância no cenário global.
Esta lentidão tem um impacto direto em Portugal, que ainda se destaca pela sua própria morosidade. Assim, é imperativo que o país faça o seu “trabalho de casa” e avance com reformas estruturais que promovam a competitividade.
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Fonte: Sapo





