As eleições autárquicas de 2023 em Guimarães, a cidade conhecida como o “berço da nacionalidade”, prometem ser um marco importante, uma vez que o Partido Socialista (PS) tem dominado a câmara municipal há 36 anos. Desde 1989, o PS venceu as últimas nove eleições, sempre com maiorias absolutas. O atual presidente, Domingos Bragança, que está no cargo desde 2013, não se recandidata devido à limitação de mandatos, o que abre a porta a uma possível mudança.
A campanha eleitoral está a aquecer e, enquanto o PS se mostra confiante na manutenção do poder, os opositores defendem que chegou a hora de mudar a cor política da cidade. Um dos principais temas em discussão é a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), que promete ser um ponto de discórdia após as eleições de 12 de outubro.
Guimarães, com cerca de 160.000 habitantes e uma população em declínio, especialmente entre os jovens, enfrenta desafios significativos. A revisão do PDM, que visa combater a especulação imobiliária, gerou tensões dentro do próprio PS, que não conseguiu um consenso sobre o assunto. O candidato do PS, Ricardo Costa, já afirmou que a deliberação sobre o PDM deve ser feita pelo novo executivo, uma vez que é um tema de grande relevância.
A oposição, liderada por Ricardo Araújo da coligação “Juntos por Guimarães” (PSD/CDS-PP), critica a decisão do PS de adiar a revisão do PDM, considerando-a uma demonstração das divisões internas do partido. Araújo sublinha que o PS é responsável por uma revisão que reduziu em 20% o solo para construção, o que tem implicações diretas na habitação.
A habitação é, de facto, um tema central na campanha. O PS promete construir 1.000 casas em parceria com privados para responder às necessidades habitacionais da população. Por outro lado, a coligação PSD/PP critica a gestão do PS, apontando que o partido não tem conseguido cumprir os compromissos assumidos, como a construção de 400 casas com financiamento do Governo.
Outros candidatos, como Nuno Vaz Monteiro do Chega, também abordam a questão da mobilidade, apontando os problemas que a cidade enfrenta. A falta de clareza e transparência por parte do PS em relação ao PDM e à habitação é uma crítica comum entre os opositores. Gil Leitão da Iniciativa Liberal e Joaquim Teixeira do Bloco de Esquerda também se manifestam sobre a necessidade de uma gestão mais eficaz e de uma intervenção mais robusta na habitação.
Com as eleições a aproximarem-se, a expectativa é elevada. O PS venceu as autárquicas de 2021 com 48,06% dos votos, mas a recente perda de apoio nas legislativas levanta questões sobre a sua capacidade de manter a liderança. A cidade, que já foi Capital Europeia da Cultura em 2012 e Cidade Europeia do Desporto em 2013, agora aguarda para ver se o poder socialista se mantém ou se uma nova força política surgirá.
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Fonte: ECO





