Obstáculos ao aumento dos salários em Portugal

O aumento dos salários em Portugal tem enfrentado diversos obstáculos, especialmente quando se trata do salário médio. Embora o salário mínimo tenha sido ajustado administrativamente, a realidade é que muitos fatores dificultam a subida das remunerações, muitos deles relacionados com a atuação do Estado.

Um dos principais entraves reside na legislação que, em vez de apoiar, parece dificultar o crescimento das grandes empresas, aquelas com mais de 250 trabalhadores. Estas empresas são responsáveis por cerca de metade do emprego em Portugal, mas a sua capacidade de oferecer salários mais altos é comprometida por um ambiente legislativo desfavorável. Curiosamente, os partidos que mais criticam os baixos salários são frequentemente os mesmos que propõem medidas que podem prejudicar as empresas que melhor remuneram os seus colaboradores.

Outro fator que limita o aumento dos salários é a diminuição do capital disponível por trabalhador. Desde 2015, este indicador caiu 10%, quando deveria ter aumentado. Entre 1995 e 2007, o investimento representava 24,4% do PIB, mas essa percentagem desceu para 19% entre 2008 e 2024. Embora tenha havido uma ligeira recuperação nos últimos anos, em 2024 o investimento ainda não ultrapassou os 20,5% do PIB. Isto coloca Portugal abaixo da média da União Europeia e do que já foi alcançado no passado.

Na prática, a situação é complexa. Pode haver uma falta de procura de capital, resultando em investimento insuficiente, ou uma escassez de oferta de capital que limita o investimento. Atualmente, os indicadores sugerem que o problema reside na procura de capital. As empresas estão a criar empregos que não exigem qualificações elevadas e que são pouco intensivos em capital. Além disso, existem barreiras burocráticas que dificultam a procura, como a lentidão nos processos de licenciamento e a complexidade das burocracias.

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As dificuldades burocráticas são particularmente notórias em investimentos que exigem maior intensidade de capital, que são essenciais para aumentar a produtividade. Estima-se que dois anos de espera para licenciamento em projetos de construção representem cerca de 60 mil milhões de euros em investimento bloqueado. Além disso, o governo aponta que existem cerca de 40 mil milhões de euros em investimento industrial à espera de autorização. No total, mais de 100 mil milhões de euros estão paralisados, à espera de uma solução.

A absorção de novas tecnologias, que poderia ser impulsionada pelo Investimento Direto Estrangeiro, também é afetada por esta morosidade estatal e pela elevada carga fiscal, uma das mais altas da União Europeia. Para que possamos ver um aumento significativo dos salários, é crucial eliminar os obstáculos enfrentados pelas grandes empresas, implementar reformas no Estado que tragam resultados visíveis e criar um ambiente que atraia investidores estrangeiros.

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Fonte: Sapo

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