Após um desempenho notável no terceiro trimestre, a maioria dos ativos cotados continua a sua trajetória ascendente em outubro, alimentando expectativas de um final de ano positivo e um 2025 com variações significativas. O mercado de ações, em particular, apresenta muitos índices a negociar em máximos históricos, com valorizações anuais a ultrapassarem os dois dígitos.
Apesar de desenvolvimentos desfavoráveis, como as tarifas comerciais dos EUA e o aumento das tensões geopolíticas, os investidores estão a aumentar a sua exposição a ativos de risco. A confiança na evolução da economia global, a descida das taxas de juro, o impacto da Inteligência Artificial e os resultados positivos das empresas têm sustentado este bull market.
Os mercados acionistas são cíclicos e, após períodos de alta, surge inevitavelmente uma fase negativa. O bull market atual nas ações norte-americanas completa três anos em outubro, com o índice S&P 500 a valorizar mais de 80%. Esta valorização tem gerado preocupações entre analistas e investidores, que temem que um bear market possa estar à espreita. Os alertas sobre a sobrevalorização das ações têm vindo de bancos centrais e banqueiros, que normalmente são mais cautelosos.
No entanto, a prestação das bolsas no terceiro trimestre não revela receios, apresentando uma tendência de alta generalizada, especialmente em setores como a tecnologia nos EUA e a banca na Europa. O S&P 500 acumula cinco meses de ganhos, com uma valorização de 35% até ao final de setembro. Se esta tendência se mantiver, poderá fechar 2025 com o terceiro ano consecutivo de ganhos anuais superiores a 20%.
O índice Stoxx600, que reúne as principais cotadas europeias, também apresenta três trimestres seguidos de ganhos, impulsionado pela banca. O índice português PSI destaca-se, acumulando uma valorização anual de 26,5% e atingindo o nível mais elevado em 15 anos.
Entretanto, o ouro tem-se destacado como um ativo seguro, com uma valorização de 47% até ao final de setembro. Este aumento reflete a procura dos investidores por ativos de refúgio em tempos de incerteza. Por outro lado, o petróleo tem seguido uma trajetória descendente, devido à estratégia da OPEP+ de aumentar a oferta.
O que pode, então, derrubar este bull market? Existem vários fatores que podem abrir a porta a um bear market. A guerra comercial entre os EUA e a China, que parece estar a ressurgir, é uma preocupação significativa. A possibilidade de novas tarifas e restrições pode ter um impacto negativo nas bolsas globais.
Além disso, a euforia em torno da Inteligência Artificial levanta questões sobre a formação de uma bolha. As grandes tecnológicas estão a negociar a avaliações elevadas, mas se as expectativas não forem cumpridas, uma correção pode ser inevitável.
Os resultados das empresas também são cruciais. Com a época de resultados a aproximar-se, as empresas precisam de apresentar lucros que superem as expectativas para justificar as avaliações atuais. Se os resultados não forem satisfatórios, isso poderá desencadear uma correção no mercado.
Por último, a economia dos EUA enfrenta desafios. Apesar do crescimento recente, existem receios de uma possível recessão, o que poderá afetar a atratividade das ações a nível global. A Fed também enfrenta pressão, pois a inflação elevada pode limitar a capacidade de corte de juros, um dos pilares do atual bull market.
Em suma, após três anos de ganhos quase ininterruptos, o bull market pode estar a aproximar-se de um ponto de viragem. A combinação de lucros robustos e otimismo no setor tecnológico sustenta a tendência altista, mas o aumento do risco de uma correção acentuada é uma realidade que os investidores devem considerar.
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Fonte: Doutor Finanças




