O setor da construção em Portugal atravessa um momento de grande dinamismo na bolsa. Após anos de estagnação, a entrada de projetos significativos e investimentos públicos em infraestruturas tem permitido que empresas como a Mota-Engil e a Teixeira Duarte vejam a sua carteira de encomendas e o seu valor em bolsa crescer de forma notável. Em 2025, ambas as empresas já acumularam ganhos superiores a mil milhões de euros.
A Mota-Engil, que já duplicou o seu valor este ano, e a Teixeira Duarte, que multiplicou a sua capitalização por oito, são protagonistas desta recuperação. Juntas, estas empresas viram a sua capitalização bolsista aumentar em cerca de 1.110 milhões de euros desde o início do ano. Desde o final de 2019, ambas quadruplicaram o seu valor.
A Teixeira Duarte, que regressou recentemente à bolsa portuguesa, destacou-se com uma valorização impressionante de 717,7%. Apesar de uma ligeira queda de quase 17% nas últimas sessões, a empresa beneficiou de um contexto favorável após a apresentação do Orçamento do Estado para 2026, que promete continuar a investir em grandes projetos, como a Alta Velocidade e a expansão dos aeroportos de Lisboa e Porto. O valor de mercado da Teixeira Duarte subiu para 271,3 milhões de euros, um aumento significativo em relação ao final de 2024.
Esta valorização das ações é resultado de uma recuperação financeira, que incluiu a reestruturação da dívida e um lucro de 42,4 milhões de euros no primeiro semestre. A empresa arrecadou 440 milhões de euros com a sua participação no consórcio que venceu o primeiro troço da Alta Velocidade.
Pedro Oliveira, trader do Banco Carregosa, sublinha que a Teixeira Duarte está bem posicionada para beneficiar de um novo ciclo de investimentos em construção e infraestrutura, tanto em Portugal como em mercados africanos.
A Mota-Engil, por sua vez, tem fechado contratos de grande dimensão, incluindo um recente projeto ferroviário no México avaliado em cerca de 820 milhões de euros. Este contrato junta-se a outros projetos no mesmo país, totalizando mais de mil milhões de euros em novas obras. Além disso, a Mota-Engil conquistou um leilão para a construção de um túnel no Brasil, entre outros contratos valiosos.
O desempenho das ações da Mota-Engil reflete esta trajetória de crescimento, com uma valorização de 97,5% em 2025. A empresa alcançou um valor de mercado de 1,8 mil milhões de euros, um aumento significativo em relação ao ano anterior.
Os analistas mantêm uma perspetiva otimista sobre o setor da construção, que continua a beneficiar de planos de investimento público e privado. O CEO da Mota-Engil, Carlos Mota dos Santos, reafirmou o compromisso das empresas nacionais em contribuir para a construção da Alta Velocidade em Portugal.
Pedro Lino, CEO da Optimize, também expressou confiança na execução da empresa e no futuro da construção em Portugal, que ainda não está totalmente refletido no preço das ações.
Além da Alta Velocidade, a Mota-Engil está envolvida nas obras de alargamento do aeroporto de Lisboa, um projeto que reforça a sua posição no setor. Pedro Barata, gestor da GNB, partilha este otimismo, destacando a solidez financeira da empresa e a sua capacidade de conquistar obras com margens superiores às do passado.
Com os ganhos acumulados este ano, tanto a Mota-Engil como a Teixeira Duarte mais do que quadruplicaram o seu valor em bolsa desde 2019, superando as valorizações do índice de construção do Stoxx 600. Apesar das incertezas económicas, o setor da construção mantém-se robusto, com expectativas de que a recuperação económica traga mais investimentos em infraestruturas.
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Fonte: ECO





