A China deu um passo significativo na sua estratégia económica ao aprovar, esta semana, o 15º plano quinquenal, que se estende de 2026 a 2030. Este plano é uma continuação do modelo de planeamento a médio e longo prazo que o país adotou desde os anos 50, inspirado no sistema soviético. Desde o início do século XXI, a economia chinesa multiplicou o seu PIB por 15, tornando-se a segunda maior do mundo. O plano quinquenal é adaptável a um território vasto como o da China, que abrange 9,6 milhões de km², e permite ao Partido Comunista Chinês (PCC) focar nas prioridades definidas.
O 15º plano quinquenal está alinhado com uma visão mais ampla que inclui também o 14º e o 16º plano, com o objetivo de alcançar a “modernização socialista” até 2035. Uma das principais metas deste novo plano é reforçar a autossuficiência científica e tecnológica, uma resposta direta à política comercial dos Estados Unidos. O PCC enfatiza a necessidade de desenvolver capacidades internas, especialmente em áreas tecnológicas, para mitigar os impactos das restrições impostas pela Casa Branca.
Além disso, o plano quinquenal inclui a construção de um mercado interno robusto e a aceleração de um novo padrão de desenvolvimento. O aumento do consumo interno é visto como uma forma de tornar a economia mais resiliente a choques externos, como os provocados por tarifas elevadas. No entanto, a China não pretende isolar-se; o comunicado do PCC destaca a importância de manter um sistema multilateral de comércio e de expandir a cooperação bilateral com outros países.
Yanmei Xie, uma analista de política chinesa, descreve como as diretrizes do PCC têm um impacto significativo a nível local, onde as regiões competem entre si para demonstrar resultados. Essa competição leva as localidades a quererem ser líderes em áreas como inteligência artificial, semicondutores e veículos elétricos. Essa pressão interna força as empresas a adaptarem-se rapidamente, a reduzirem custos e a operarem com margens de lucro muito estreitas, transformando-as em concorrentes ferozes no mercado global.
Embora o protecionismo da China possa sugerir um risco de complacência, a rivalidade interna entre as regiões contrabalança esse efeito. A China já se tornou um líder global na produção de painéis fotovoltaicos, controlando cerca de 80% do mercado, e é responsável por uma quota significativa na produção de baterias de iões de lítio e veículos elétricos. O 15º plano quinquenal visa aprofundar ainda mais esta estratégia.
Apesar de a economia chinesa ter perdido algum ímpeto devido à crise imobiliária e à deflação, os números do terceiro trimestre mostram um crescimento de 4,8%, evidenciando a resiliência da economia. Este contexto ajuda a explicar por que a China está a sair vitoriosa na guerra comercial com os EUA, como destaca a revista The Economist na sua edição mais recente.
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Fonte: ECO





