O Algarve, conhecido pelas suas praias e clima ensolarado, está a transformar-se numa referência no mundo dos vinhos. Nos últimos anos, a região viu surgir novos produtores e mercados, com um foco crescente na qualidade e autenticidade dos seus vinhos. Com uma área de 1.400 hectares de vinha e 60 produtores certificados, o Algarve é a segunda menor região vitivinícola em Portugal, mas isso não impede que os vinhos do Algarve ganhem destaque.
Sara Silva, presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA), revela que, nos últimos três anos, foram concedidos cerca de 180 hectares de novas vinhas. Este crescimento contrasta com a situação nacional, onde muitos viticultores enfrentam dificuldades. O ano passado foi um marco, com a produção a atingir dois milhões de litros, mas as previsões para este ano apontam para uma quebra de cerca de 10%, devido a condições climáticas adversas.
A casta Negra Mole, considerada a rainha da região, tem vindo a ganhar notoriedade. Antigamente desvalorizada, esta casta autóctone é agora reconhecida pela sua versatilidade, produzindo vinhos tintos, rosés e até espumantes. Joaquim Imaginário, enólogo do Morgado do Quintão, explica que a valorização da Negra Mole começou há cerca de dez anos, quando os produtores perceberam o seu potencial.
A procura por esta casta tem aumentado, refletindo-se nos preços. Nos últimos anos, a Negra Mole chegou a ser vendida a dois euros o quilo, um sinal da sua escassez e importância. A maioria da produção algarvia (70%) é consumida na própria região, principalmente através do enoturismo e do canal Horeca. Contudo, a CVA admite que a produção é insuficiente para atender à demanda.
Sara Silva destaca que o objetivo é crescer de forma sustentável, valorizando os vinhos e evitando a banalização da região. O preço médio dos vinhos algarvios é superior ao nacional, com valores a rondar os 17 euros por litro na restauração, comparado com os 4,50 euros a nível nacional. Esta diferença reflete a qualidade e a autenticidade dos vinhos do Algarve.
O enoturismo é uma aposta crescente na região, com cerca de 25 dos 60 produtores a oferecer experiências aos visitantes. André Gomes, presidente do Turismo do Algarve, afirma que o enoturismo é uma forma de complementar a oferta turística da região, atraindo turistas que buscam experiências autênticas. A Quinta do Barranco Longo, por exemplo, está a investir em enoturismo, prevendo concluir um projeto que irá diversificar a sua oferta.
Apesar das dificuldades, como a escassez de água, os produtores estão a adaptar-se. A utilização de novas tecnologias e a gestão eficiente da água são essenciais para garantir a sustentabilidade da viticultura no Algarve. A líder da CVA salienta que existem investimentos em curso para melhorar a gestão hídrica, crucial para o futuro da produção de vinhos do Algarve.
Os vinhos do Algarve estão, assim, a afirmar-se como um produto premium, com um potencial significativo para atrair tanto turistas como apreciadores de vinho. A região não quer ser apenas um destino de sol e praia, mas sim um lugar onde a qualidade dos vinhos é reconhecida e valorizada.
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vinhos do Algarve Nota: análise relacionada com vinhos do Algarve.
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Fonte: ECO





