A evolução da IA tem sido um tema em destaque nas empresas, que reconhecem o seu potencial transformador. No entanto, muitos ainda se encontram numa fase inicial da sua adoção. Segundo dados da consultora Inverto, do grupo BCG, a área de procurement, antes vista como meramente administrativa, está a ganhar um papel central na criação de valor.
Manuel Berlanga Diaz, managing director da BCG, revelou que a IA não se limita à automatização de processos. As empresas estão a utilizar esta tecnologia para melhorar a tomada de decisão, gerir riscos com fornecedores e reforçar o planeamento preditivo. Contudo, a adoção da IA varia significativamente entre setores. As indústrias de tecnologia, farmacêutica e automóvel estão na vanguarda, enquanto outras ainda se encontram em fases experimentais.
Apesar do reconhecimento do potencial da IA, a maturidade das empresas depende da qualidade dos dados, do comprometimento das lideranças e da construção de uma cultura digital. Embora 60% das empresas ainda relatem pouco ou nenhum valor da IA, as que conseguiram implementar a tecnologia de forma eficaz, conhecidas como “future-built firms”, apresentam um crescimento de receita cinco vezes superior e uma redução de custos três vezes maior do que os seus concorrentes.
A adoção da IA nas empresas ainda está numa fase inicial, com muitos a realizar apenas projetos piloto. Um estudo da BCG indica que apenas 5% das empresas conseguem gerar valor em escala. Para que a adoção da IA seja bem-sucedida, é fundamental ter dados harmonizados, uma governação clara e taxonomias robustas. A fragmentação dos sistemas pode atrasar o progresso, por isso é aconselhável realizar um diagnóstico rápido para identificar áreas a melhorar antes de escalar a implementação.
Na área de procurement, a IA já permite automatizar análises de dados, identificar oportunidades de poupança e prever riscos, como a ruptura de fornecedores. A sua capacidade de estruturar rapidamente grandes volumes de dados não estruturados facilita negociações mais rápidas e fundamentadas. Os ganhos de produtividade podem variar entre 10% a 20% em toda a organização e até 70% em tarefas específicas, traduzindo-se em reduções de custos significativas em poucos meses.
No entanto, as empresas enfrentam desafios na adoção da IA. A qualidade e transparência dos dados são cruciais, e sistemas fragmentados dificultam a maximização do seu potencial. Além disso, a gestão da mudança é essencial, pois a IA não é apenas uma tecnologia, mas requer um redesenho de processos e capacitação das equipas. A confiança dos colaboradores também é fundamental para aceitar as recomendações geradas pela IA.
Embora as capacidades da IA estejam a evoluir rapidamente, muitas empresas ainda se encontram em fase piloto. Estudos da BCG indicam que cerca de 70% do valor potencial da IA reside em funções centrais do negócio, como procurement e supply chain. O verdadeiro desafio agora é escalar as aplicações mais promissoras em toda a organização.
Em termos de custo, a adoção da IA está a tornar-se mais acessível, com soluções cloud a reduzir despesas. Muitas empresas começam com ferramentas SaaS, que, apesar de um custo anual de 450 a 650 euros por colaborador, costumam trazer retorno rápido através de ganhos de eficiência. A melhor abordagem é começar pequeno e escalar à medida que os resultados se tornam visíveis, especialmente na área de procurement, onde os benefícios podem surgir entre 6 a 18 meses.
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Fonte: Sapo
