Novo CEO: Cultura, Ética e Otimização nas Fusões e Aquisições

O crescimento das empresas através de fusões e aquisições tem vindo a ganhar destaque a nível global. No entanto, o papel do chief executive officer (CEO) neste contexto não se resume a uma única pessoa, mas sim a um conjunto de princípios que incluem Cultura, Ética e Otimização.

Durante muitos anos, as fusões e aquisições eram vistas como meros exercícios matemáticos, focando-se apenas em resultados e sinergias. Contudo, as novas gerações de gestores e investidores exigem agora uma maior coerência entre os valores e as práticas empresariais. As legislações europeias têm reforçado esta mudança, tornando o ESG (Environmental, Social and Governance) um critério essencial, não apenas reputacional, mas também em termos de avaliação e resultados. Assim, fusões que não considerem a cultura e a ética empresarial podem acabar por falhar na criação do valor desejado.

Neste novo paradigma, o “C” de CEO representa a Cultura. Esta é a base de qualquer organização, onde se definem as regras, a comunicação e a forma como se toma decisões. Quando duas empresas se fundem ou uma é adquirida, o primeiro choque que se sente não é financeiro, mas sim cultural. A integração de estruturas empresariais requer a harmonização de linguagens, lideranças e expectativas. Muitas fusões e aquisições falham precisamente por não se avaliar corretamente a compatibilidade de valores entre as empresas. O capital só gera valor duradouro quando as pessoas se sentem parte dele.

O “E” refere-se à Ética, que se tornou um critério fundamental nas transações. As tradicionais auditorias financeiras evoluíram para incluir avaliações das práticas sociais, ambientais e de governação. O legislador europeu tem apoiado esta evolução, com as Diretivas CSRD e CSDDD a exigirem transparência em toda a cadeia de valor das empresas, bem como um impacto positivo em direitos humanos e no ambiente. Além disso, existe já um mecanismo que permite cancelar operações de fusão ou aquisição se a empresa-alvo não cumprir os padrões ESG mínimos, tornando a ética um fator de risco financeiro e legal significativo.

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Por fim, o “O” de Otimização refere-se à integração inteligente que não se limita a cortes, mas que preserva a diferenciação e melhora as áreas mais frágeis. Nesta fase, o objetivo das fusões e aquisições deve ser a eficiência, alinhando processos e potenciando a escala, sem perder a identidade e o propósito das empresas envolvidas. A legislação já exige que os gestores considerem não apenas os resultados financeiros imediatos, mas também os interesses de longo prazo dos acionistas e dos stakeholders que são cruciais para a sustentabilidade da empresa.

A tendência de concentração empresarial deverá continuar, pois representa uma via privilegiada para o crescimento. O sucesso destas operações será cada vez mais determinado por dados e resultados não financeiros. Assim, o novo CEO não ocupa um gabinete, mas atua na forma como as empresas se relacionam, unem e constroem laços.

Como diz um provérbio africano, “Se queres ir rápido, vai sozinho. Se queres ir longe, vai acompanhado.” Este conselho é igualmente válido para as empresas que buscam prosperar no atual ambiente de negócios. Leia também: O impacto das fusões e aquisições na economia global.

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Fonte: Sapo

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