O Banco Central Europeu (BCE) deverá manter as suas taxas de juro inalteradas pela terceira vez consecutiva, numa decisão que é amplamente apoiada por economistas. A reunião, que terá lugar em Florença, surge num contexto em que a inflação se aproxima da meta dos 2% e a economia da Zona Euro demonstra resiliência. A maioria dos especialistas acredita que as taxas de juro se manterão nos 2% não apenas até ao final deste ano, mas também em 2026 e 2027.
Um inquérito recente da Reuters revelou que todos os 88 economistas consultados preveem que a taxa de depósitos se mantenha nos 2% na reunião de hoje. Esta unanimidade reflete uma crescente confiança de que o ciclo de cortes das taxas de juro, que reduziu os custos de financiamento em 200 pontos base entre junho do ano passado e junho deste ano, chegou ao fim.
Além disso, 57% dos economistas acreditam que a taxa de juro se manterá nos 2% durante todo o ano de 2026, um aumento significativo em comparação com o inquérito anterior. Os dados da Bloomberg corroboram esta visão, prevendo que o BCE mantenha as taxas de juro na Zona Euro em 2% até 2027. Contudo, a possibilidade de ajustes futuros não pode ser completamente descartada, já que cerca de um terço dos inquiridos antecipa pelo menos mais um corte.
Os responsáveis do BCE têm manifestado a sua intenção de manter as taxas de juro estáveis, citando a inflação controlada e a saúde da economia. A inflação na Zona Euro, medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor, subiu para 2,2% em setembro, ligeiramente acima do objetivo, mas ainda dentro de níveis aceitáveis. O BCE projeta uma inflação média de 2,1% para 2025, 1,7% para 2026 e 1,9% para 2027.
A reunião de hoje, que marca a primeira presença de Álvaro Santos Pereira como governador do Banco de Portugal, é vista como um evento sem grandes novidades. O economista Carsten Brzeski, do ING, descreveu a reunião como pouco impactante, dada a falta de informações novas desde a última reunião e a ausência de urgências prementes.
Embora o consenso aponte para a estabilidade das taxas de juro, os economistas não descartam a possibilidade de ajustes futuros, dependendo da evolução dos dados económicos e de choques externos. Carsten Brzeski alerta que a barra para outro corte é alta, mas fatores como um euro mais forte ou impactos adversos das tarifas norte-americanas poderiam influenciar futuras decisões.
A reunião de dezembro é encarada como um evento potencialmente mais significativo, uma vez que incluirá novas projeções que se estenderão até 2028. Qualquer leitura de inflação abaixo de 1,7% para 2028 poderá ser vista como um sinal para uma nova redução das taxas de juro.
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Fonte: ECO





