A guerra dos chips entre os Países Baixos e a China está a gerar uma verdadeira corrida aos semicondutores a nível global, colocando em risco a produção automóvel em várias partes do mundo, incluindo Portugal. A cadeia de abastecimento está a procurar novos fornecedores, enquanto as empresas tentam esgotar os seus stocks para manter a produção em funcionamento.
A Nexperia, um dos principais produtores de chips para o setor automóvel, está no centro desta crise. A empresa, que é apenas o quinto maior fornecedor mundial, enfrenta dificuldades após o Governo neerlandês ter assumido o controlo da companhia, sob pressão dos Estados Unidos. Pequim, em resposta, proibiu as exportações da Nexperia, o que levanta preocupações sobre a continuidade do fornecimento de chips essenciais para a indústria automóvel.
A Associação Europeia de Construtores Automóveis (ACEA) já alertou que as paragens de produção podem ocorrer em breve, com os construtores a enfrentarem uma escassez crítica de semicondutores. A Nexperia fornece chips a várias marcas, incluindo Nissan, Honda, Mercedes-Benz, BMW e Volkswagen, e a falta destes componentes pode ter um impacto significativo na produção.
O presidente-executivo da Mercedes-Benz, Ola Kaellenius, afirmou que a empresa está a procurar alternativas, mas reconhece que a situação é complexa e política, diferente dos problemas que surgiram durante a pandemia de Covid-19. A crise atual está a provocar um aumento exponencial nos preços dos chips, que podem custar entre 24 a 36 cêntimos de euros cada.
Em Portugal, a situação não é menos preocupante. A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) já alertou que a crise dos chips pode travar a produção nas fábricas automóveis nacionais. O secretário-geral da ACAP, Helder Barata Pedro, referiu que os construtores estão a recorrer a stocks, mas que, uma vez esgotados, a situação poderá tornar-se problemática.
Até ao momento, os dois maiores fabricantes de automóveis em Portugal, a Stellantis e a Autoeuropa, afirmam que não há risco imediato de paragem de produção. A Stellantis, com uma unidade em Mangualde que representa 27% da produção nacional, assegurou que está a realizar a produção planeada. A Autoeuropa, responsável por mais de 70% da produção automóvel em Portugal, também garantiu que a produção está assegurada até ao final da próxima semana.
No entanto, a situação é volátil e a possibilidade de novas restrições ou a necessidade de encontrar fornecedores alternativos pode alterar rapidamente o panorama. A guerra dos chips está a criar um ambiente de incerteza que poderá ter repercussões significativas para a indústria automóvel em Portugal e na Europa.
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Fonte: Sapo





