Portugal tem uma tendência de chegar um pouco mais tarde às grandes tendências globais, mas isso não significa que o país esteja parado. Na verdade, muitos fenómenos que antes pareciam distantes já estão a acontecer. Reconhecer essas mudanças não deve ser motivo de alarme, mas sim uma oportunidade. Quanto mais cedo nos prepararmos, melhor conseguiremos responder e, quem sabe, até liderar.
No que diz respeito à habitação, a tradicional taxa variável do crédito à habitação está a dar lugar a novas modalidades. Em 2024, mais de 80% dos novos contratos de crédito à habitação passaram a ser de taxa mista, com um período inicial fixo. Esta mudança reflete a volatilidade das taxas de juro e a necessidade de previsibilidade por parte das famílias. A preparação para o futuro no setor habitacional é, portanto, essencial.
Além disso, a Europa estabeleceu metas ambiciosas para a renovação energética dos edifícios. Até 2030, os 16% de edifícios não residenciais mais ineficientes terão de ser renovados, aumentando para 26% até 2033. A eficiência energética deixará de ser um “extra” e tornará-se um critério central na valorização dos imóveis e no acesso a financiamento verde. O mercado imobiliário vai mudar, e a preparação para o futuro é crucial para quem não quer ficar para trás.
No mercado de arrendamento, a profissionalização está a ganhar terreno, com o surgimento de projetos de build-to-rent e residências para estudantes. Embora esta evolução possa trazer mais oferta e estabilidade, é fundamental que a acessibilidade não seja comprometida. A preparação para o futuro deve incluir uma atenção especial a estas novas dinâmicas.
Em termos de pagamentos e finanças pessoais, a partir de janeiro de 2025, os bancos portugueses terão de aceitar transferências instantâneas sem custos adicionais. Esta mudança abre caminho para alternativas de pagamento mais diretas, promovendo uma nova era de fluidez financeira. A preparação para o futuro financeiro implica também uma maior transparência nas operações bancárias.
No que toca ao crédito ao consumo, o modelo Buy Now, Pay Later será regulado como crédito tradicional até 2026, garantindo mais proteção e informações aos consumidores. Esta mudança visa equilibrar conveniência com responsabilidade, tornando a literacia financeira ainda mais importante na preparação para o futuro.
A regulação dos criptoativos e a integração da inteligência artificial também estão a avançar em Portugal. A nova legislação europeia, que já está em vigor, visa criar um mercado mais seguro e transparente. A preparação para o futuro financeiro inclui a adaptação a estas novas realidades, que trarão maior clareza para os consumidores.
Por fim, a demografia e a digitalização apresentam tanto desafios como oportunidades. Com uma população de 10,75 milhões em 2024, Portugal continua a envelhecer, o que gera uma procura crescente por arrendamento e soluções habitacionais diversificadas. Os investimentos em infraestruturas digitais, como o campus de data center em Sines, prometem dinamizar a economia local e criar emprego. A preparação para o futuro deve incluir o desenvolvimento das competências necessárias para aproveitar esta transformação.
Portugal não está apenas “a caminho” destas mudanças; muitas já estão em marcha. A questão não é se estas mudanças vão acontecer, mas se estaremos preparados para elas. Isso exige mais do que políticas públicas ou inovação tecnológica; requer visão, coordenação e a vontade de agir antes que seja tarde. O futuro não espera, e Portugal não pode continuar a chegar atrasado.
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Fonte: Doutor Finanças
