Portugal está a emergir como um ator relevante na indústria da Defesa, especialmente num momento em que este sector ganha destaque na Europa. Rui Santos, diretor-geral da AED Cluster Portugal, afirmou durante a 12ª Automotive Industry Week da AFIA, que decorre em Vila Nova de Gaia, que “Portugal está a chamar à atenção” como um potencial fornecedor para o mercado externo. Apesar de não ter um longo historial nesta área, Santos acredita que o país já demonstrou a sua capacidade e possui um grande potencial a explorar.
A recente aprovação pela União Europeia de um fundo de 150 mil milhões de euros para financiar a compra de equipamentos militares pelos Estados-membros representa uma oportunidade significativa para Portugal. Rui Santos sublinha que estas medidas podem impulsionar a participação portuguesa na indústria da Defesa, permitindo que o país se posicione como um fornecedor estratégico.
A necessidade de internalizar a produção na Europa é uma das prioridades atuais, especialmente à medida que os países da NATO se comprometem a investir 5% do PIB em Defesa até 2035. Rui Santos destaca que Portugal já possui exemplos de empresas que conseguiram internacionalizar-se com sucesso. O unicórnio Tekever, por exemplo, está a abrir a sua quarta fábrica de drones no Reino Unido, enquanto a Beyond Vision planeia construir uma fábrica de 50 milhões de euros nos Estados Unidos.
Outro projeto notável é o LUS-222, o primeiro avião civil-militar português, que foi apresentado no Brasil e já tem todos os fornecedores identificados. Rui Santos enfatiza que, neste contexto, países como a Alemanha e a França estão a enfrentar dificuldades com as suas cadeias de fornecimento e estão à procura de novos parceiros, o que abre portas para a indústria da Defesa em Portugal.
Dados apresentados por Luís Ribeiro, membro do conselho da idD Portugal Defence, revelam que a Europa representa apenas 15% do volume de negócios global na Defesa, num momento em que o continente está a reforçar as suas capacidades face a novas realidades geopolíticas. A Alemanha, por exemplo, planeia um investimento de 377 mil milhões de euros para fortalecer as suas capacidades de defesa, abrangendo áreas como a aérea, terrestre, naval e cibersegurança.
Com Portugal a renovar os seus equipamentos militares nas diferentes forças armadas, várias empresas europeias, como o Naval Group e a SAAB, têm manifestado interesse em colaborar com a indústria nacional, oferecendo parcerias que podem integrar as cadeias de abastecimento. Este cenário apresenta uma oportunidade única para Portugal se afirmar na indústria da Defesa, aproveitando o momento de transformação e investimento que se vive na Europa.
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indústria da Defesa Nota: análise relacionada com indústria da Defesa.
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Fonte: ECO





