A inovação no SNS (Serviço Nacional de Saúde) está em risco devido aos cortes orçamentais previstos para 2026. A Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos (APORMED) alerta que, se os cortes forem generalizados, a capacidade do SNS de acompanhar a evolução tecnológica será ainda mais limitada. O diretor executivo da APORMED, João Gonçalves, expressou a sua preocupação com a redução de 10,1% no orçamento para a saúde, que representa cerca de 887 milhões de euros.
Gonçalves sublinha que a forma como esses cortes serão distribuídos ainda não está clara. O orçamento abrange não apenas a compra de dispositivos médicos, mas também medicamentos, transportes e outros serviços essenciais. Embora o Governo defenda que a redução se baseia em ganhos de eficiência, a APORMED concorda que há desperdícios no SNS, mas alerta que cortes cegos podem levar a uma diminuição da atividade hospitalar, resultando em menos consultas e cirurgias.
Durante um evento recente, o primeiro-ministro destacou a necessidade de mais eficácia e eficiência nos cuidados de saúde, ao mesmo tempo que se busca uma melhor gestão financeira. No entanto, a APORMED argumenta que a redução na aquisição de produtos médicos e medicamentos pode ser contraproducente. Um estudo da Antares Consulting revela que, ao longo de uma década, as tecnologias médicas permitiram economizar 800 milhões de euros, evitando dois milhões de internamentos e 25 mil infeções hospitalares.
Além disso, a APORMED critica a manutenção da contribuição extraordinária aplicada aos fornecedores do SNS desde 2020. A associação defende que as pequenas empresas devem ser isentas desse imposto, uma proposta que não encontrou apoio no Partido Socialista. Gonçalves argumenta que, ao invés de arrecadar 18 milhões de euros, o Estado poderia obter 15 milhões, permitindo um maior investimento em inovação no SNS.
A criação desta contribuição, sob o governo de António Costa, tinha como objetivo estabelecer um fundo para a aquisição de tecnologia nos hospitais, mas esse fundo nunca foi implementado, segundo a APORMED. A falta de investimento em inovação no SNS poderá agravar o fosso existente entre o setor público e privado na saúde.
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Fonte: Sapo





