Os mercados financeiros respiraram de alívio esta segunda-feira, após o Senado dos Estados Unidos ter dado um passo decisivo para pôr fim ao shutdown mais longo da história do país. Depois de 40 dias de paralisação, a aprovação de um projeto de lei para reabrir o governo federal trouxe uma onda de otimismo que contagiou os investidores, levando as bolsas europeias a registarem uma das maiores subidas desde julho.
Os analistas do Deutsche Bank referiram, numa nota enviada aos clientes, que “finalmente está a sair fumo branco do Capitólio”, após a votação que contou com 60 votos a favor e 40 contra. Este acordo foi possível graças ao apoio de um grupo de democratas moderados que decidiram romper com a liderança do partido, numa cedência que poderá marcar o fim de uma crise que custou à economia norte-americana cerca de 15 mil milhões de dólares por semana.
Nos últimos dias, a administração Trump intensificou a pressão política, despedindo funcionários em massa e ameaçando não pagar mais de 600 mil trabalhadores federais que estavam afastados. Além disso, o secretário dos Transportes, Sean Duffy, foi instruído a cancelar voos durante a época de maior procura, o que gerou um caos nos aeroportos. No domingo, mais de 2.700 voos foram cancelados e mais de 10 mil sofreram atrasos, o que levou a uma situação caótica na véspera do Thanksgiving.
O acordo alcançado prevê financiamento integral para um ano nos departamentos de Agricultura, Assuntos de Veteranos e para o próprio Congresso. As restantes agências governamentais terão financiamento até 30 de janeiro. Os republicanos consideram esta solução uma vitória parcial, enquanto os democratas a veem como uma derrota significativa. O documento também garante o pagamento de salários em atraso aos funcionários públicos e impede novos despedimentos até ao final de janeiro.
Para convencer os senadores democratas mais relutantes, os republicanos prometeram realizar uma votação sobre a extensão dos subsídios da Affordable Care Act (Obamacare) até meados de dezembro, um compromisso já anteriormente oferecido pelo líder da maioria no Senado, John Thune.
A reação dos mercados foi imediata. O índice pan-europeu Stoxx 600 subiu 1,4%, com os principais mercados — alemão, francês e italiano — a registarem ganhos superiores a 1,3%. O PSI, índice da bolsa portuguesa, também contabilizou uma subida de mais de 1,35%, aproximando-se dos 8.300 pontos. O setor financeiro liderou os ganhos na Europa, com uma subida de 2,1%, recuperando de perdas acentuadas na semana anterior. Nos EUA, os futuros do S&P 500 avançaram 1%, enquanto os do Dow e do Nasdaq 100 registaram ganhos de 0,45% e 1,5%, respetivamente.
Os analistas do Deutsche Bank indicam que a probabilidade de o shutdown terminar até 30 de novembro é de 98%, um máximo histórico. Com a reabertura do governo, os mercados aguardam agora dados económicos que estiveram suspensos durante a paralisação. A expectativa é que o relatório de emprego de setembro seja um dos primeiros a ser divulgado, possivelmente dentro de três dias úteis após a reabertura.
Apesar do otimismo, os especialistas alertam para a necessidade de cautela, uma vez que o calendário para a aprovação final do acordo ainda é incerto. O Senado ainda não marcou a votação final e a Câmara dos Representantes terá de aprovar a medida antes de ser assinada pelo presidente Trump. Contudo, os mercados parecem acreditar que o pior já passou — pelo menos por agora.
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Fonte: ECO





