Lisboa acolhe esta quarta-feira mais uma edição do Portugal Capital Markets Day, uma conferência que reunirá mais de cinquenta investidores estrangeiros de várias partes do mundo. O objetivo é proporcionar a estes investidores a oportunidade de conhecer e interagir com responsáveis de empresas nacionais, promovendo Portugal como um destino atrativo para investimento.
Este ano, o evento é fundamentado num estudo da Católica Lisbon Business & Economics, que prevê um crescimento do PIB potencial superior a 3% nos próximos anos, sustentado por investimentos em infraestruturas e inovação. Contudo, a questão que se coloca é se este otimismo se alinha com a realidade dos números.
O relatório, apresentado pelo dean da Católica, Filipe Santos, sugere que Portugal tem um “potencial de crescimento muito grande da economia”, capaz de superar as expectativas tradicionais que indicam um crescimento em torno dos 2%. Filipe Santos sublinha que, com um aumento do investimento em Portugal, é possível intensificar o crescimento económico de forma consistente e consolidada.
O estudo destaca que Portugal possui um ecossistema de inovação dinâmico, uma infraestrutura em desenvolvimento e um aumento do capital humano. No entanto, o investimento em investigação e desenvolvimento (I&D) continua a ser uma preocupação. Em 2024, Portugal investiu apenas 1,75% do PIB em I&D, muito abaixo da média da União Europeia e distante da meta de 3% estabelecida para 2030. Este valor coloca o país entre os últimos da União Europeia em termos de despesa per capita em I&D.
Apesar de ter subido três posições no European Innovation Scoreboard de 2025, Portugal continua a ser classificado como “Inovador Moderado”, com 90,7% da média europeia. O país enfrenta desafios na transferência de conhecimento científico para o setor empresarial, o que limita a concretização do seu potencial de investimento em inovação.
O Portugal Capital Markets Day, organizado pela Euronext Lisboa e pela AEM – Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado, atrai investidores de 12 praças financeiras internacionais, incluindo Nova Iorque, Londres e Paris. Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisboa, destaca o interesse crescente por Portugal e a capacidade da organização em mobilizar investidores para as empresas portuguesas.
Miguel Ataíde Marques, presidente da AEM, reforça a atratividade de Lisboa como um fator decisivo para atrair investidores internacionais. O evento não se limita apenas a mercados públicos, mas também abrange mercados privados, venture capital e private equity.
Filipe Santos afirma que a economia portuguesa passou por uma grande transformação desde 2012, com a dívida pública a cair de 131,5% do PIB em 2016 para 93,6% em 2024. O país registou excedentes orçamentais nos últimos anos e apresenta vantagens estruturais, como uma elevada percentagem de energias renováveis na sua matriz energética.
Apesar das potencialidades, a distância entre as capacidades estruturais e a concretização de investimento efetivo em inovação continua a ser uma preocupação. O Portugal Capital Markets Day pode ser um passo importante para captar investimento estrangeiro, mas a transformação estrutural da economia dependerá da capacidade de reverter o défice crónico em I&D que os números revelam.
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Fonte: ECO





