A lista de oposição à assembleia de representantes da Associação Mutualista Montepio Geral propõe cortes nos salários dos administradores, considerando que os valores atuais são desproporcionais e inadequados. Tiago Mota Saraiva, cabeça de lista da oposição, argumenta que a comparação dos salários dos gestores com os da banca é errada, devendo ser feita com o setor social. A mutualista, que conta com mais de 600 mil associados, realiza eleições a 19 de dezembro para os órgãos associativos que irão gerir a instituição nos próximos quatro anos.
Mota Saraiva, que já participou de eleições anteriores como parte da oposição, critica os gastos da mutualista com os membros dos órgãos sociais, que ascendem a cerca de 2,3 milhões de euros em 2024. Ele defende que a mutualista deve alinhar os salários dos seus dirigentes com os rendimentos do terceiro setor, em vez de se comparar com a banca, apesar de ser proprietária do Banco Montepio. “A Associação Mutualista não tem de se comparar à banca”, afirmou.
A lista B, que Mota Saraiva lidera, não definiu um valor específico para os cortes salariais, mas pretende discutir o tema na assembleia de representantes. Um dos objetivos é que o salário máximo dos gestores seja proporcional ao salário mínimo, promovendo assim um incentivo para o aumento das remunerações mais baixas.
Além disso, Mota Saraiva explicou que a lista B pretende focar-se na assembleia de representantes para discutir a revisão de estatutos, um passo considerado fundamental para garantir maior democracia dentro da associação. O objetivo é eleger 16 representantes, o que permitiria à lista B ter a maioria e promover a transparência e o escrutínio das decisões.
A lista B conta com o apoio de figuras conhecidas, como António Godinho e Helena Roseta, e defende a implementação de quotas de género nos órgãos associativos, dado que a maioria dos representantes é composta por homens mais velhos. Mota Saraiva destacou que a associação tem 58% de mulheres entre os associados, mas a representação feminina nas listas é insuficiente.
A oposição também critica a gestão anterior, especialmente em relação a Tomás Correia, ex-presidente do Montepio, que enfrenta acusações de abuso de confiança e branqueamento de capitais. Mota Saraiva acredita que a mutualista deve limpar os danos deixados pela gestão anterior, sem necessariamente afastar todos os envolvidos.
Outro ponto central da proposta da lista B é a necessidade de a mutualista aumentar a sua intervenção na área da habitação. Mota Saraiva defende que a produção de habitação deve ser uma prioridade, afirmando que a mutualista pode fazer muito mais do que tem feito até agora. Ele recordou que, nos anos 30, a mutualista tinha um papel significativo no investimento habitacional para os associados, algo que se perdeu ao longo do tempo.
A lista B pretende que a mutualista não se limite a financiar crédito através do Banco Montepio, mas que se torne uma produtora de habitação com rendas acessíveis para os associados. Mota Saraiva acredita que este tipo de investimento é seguro e que a mutualista tem um impacto estrutural na sociedade portuguesa que muitos associados ainda não percebem.
Em 2024, a Associação Mutualista Montepio Geral registou lucros de 210 milhões de euros, um aumento de 87,5% em relação ao ano anterior. A escala da mutualista é significativa, superando os gastos de entidades como a Câmara Municipal de Lisboa.
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Fonte: ECO





